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Caso Ana Lídia

Jornalista quebra o silêncio da cidade do regime militar

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Marcus Castro

No dia 11 de setembro de 1973, quando o governo militar estava no auge, uma menina de sete anos foi sequestrada, torturada, estuprada e morta em Brasília.

O caso Ana Lídia é quase como uma lenda para todos os brasilienses; nunca foi esquecido e, tampouco, resolvido.

Os principais suspeitos, irmão da vítima e amigos, foram absolvidos por falta de provas. Essa, em resumo, é toda informação que se tem disponível.

Roberto Seabra, jornalista, professor e escritor, tinha nove anos quando a investigação veio a tona. Com um pai policial certo que o caso poderia ser resolvido se a polícia quisesse, ele cresceu com esse mistério na cabeça.

Quando virou jornalista nos anos 80, correu atrás da história. Jornais e arquivos de uma CPI não foram suficientes para descobrir mais informações. Hoje, quatro décadas depois, os dados coletados serviram de ingrediente para seu novo livro de ficção. É o ‘Silêncio na cidade’.

O roman à clef, forma narrativa na qual o autor trata de pessoas reais por meio de personagens fictícios, conta a história de Amantino Torres, um agente policial aposentado que foi impedido de continuar nas investigações do caso de uma menina encontrada morta.

Amantino decide investigar por conta própria e acaba descobrindo grandes nomes da República envolvidos no crime. Roberto Seabra, em sua condição de jornalista, até gostaria de escrever algo “real” sobre o caso, mas percebeu que era impossível.

– Costumo dizer que, quando a realidade é encoberta por mentiras, a ficção passa a ser uma possibilidade de verdade. E o caso Ana Lídia é uma teia de mentiras e de verdades encobertas. Por isso criei um livro de ficção, afirma.

O romance é diretamente ligado a uma lembrança do governo militar que, na época, fez muito para abafar as investigações. O jornalista afirma que não teve pretensão de promover debate sobre os atuais ideais militaristas que estão dividindo opiniões, porém sabe que qualquer revelação daquele período pode informar melhor seus admiradores.

– Todos os países que admiramos são democracias, por que voltar a insistir nessa ideia de entregar o poder aos militares? Isso só se explica pela desinformação. Qualquer análise racional mostra que os países saem piores depois de períodos de exceção, seja militar ou não. Se a democracia é um projeto coletivo, então todo esforço pode nos ajudar a mantê-la, inclusive meu livro, por quê não?, diz Seabra.

Lançamento – O livro já está disponível no site da Amazon para plataformas digitais e é avaliado em 4,7 estrelas de um total de 5. A edição impressa será lançada no dia 21 de outubro, às 19h, no Carpe Diem (104 Sul).

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