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Lágrimas marcam a emoção nas páginas viradas de Brasília, dia I

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José Escarlate

21 de abril de 1960 – A primeira sessão do Congresso Nacional em Brasília é aberta às 11h30, pelo presidente do Senado Federal, então vice-presidente da República, João Goulart. Com o plenário e galerias lotados, uma comissão de parlamentares conduz o presidente JK à Mesa Diretora, onde estão Jango, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, o cardeal Cerejeira, de Portugal, e o presidente do STF, ministro Barros Barreto. JK ocupa seu lugar ao lado de Jango, sendo saudado de pé pela maioria dos que estão no Plenário e nas galerias. As oposições, silenciam.

Dois médicos acompanhavam dia e noite o presidente, desde que ele chegou a Brasília, em todas as cerimônias da inauguração. Havia receio de que seus nervos e coronárias não resistissem às emoções. A saúde de JK não poderia ficar ao alcance do infarto que em 1958 rondou os palácios das Laranjeiras e do Catete, no Rio. Trêmulo, mas sorridente, um JK superando a própria exaustão, ouve as palavras de João Goulart: “É com emoção que declaro instalados os trabalhos do Congresso Nacional em Brasília, a nova Capital da República”.

Num ambiente de admiração e deslumbramento, o novo Congresso brasileiro ainda cheirava a tinta. Além da iluminação ainda estar deficiente, o calor era insuportável, já que o ar condicionado não dava conta do recado devido à lotação. Naquele momento, escreveu-se uma nova página na história do Brasil.

Buscando proporcionar uma significativa economia aos cofres públicos, o projeto do conjunto do Congresso Nacional teve o objetivo de reunir as duas Casas do Congresso em um só edifício, aproximando deputados e senadores, preservando a autonomia de cada uma das Casas. A obra foi a mais cara de Brasília. Segundo estudos, teria custado 2,1 bilhões de cruzeiros, a moeda em vigor no ano de 1960.

Durante a série de compromissos contidos na extensa programação da inauguração de Brasília, iniciada ainda na madrugada, JK conseguiu conter a emoção, fraquejando apenas em três ocasiões. Foi por ocasião da missa solene, ao chegar à Mesa Diretora do Congresso, com parlamentares e as galerias o aplaudindo de pé, e quando assomou ao parlatório do Palácio do Planalto, recebendo às homenagens dos “companheiros de trabalho” – os candangos -, na praça dos Três Poderes. Foram as três lágrimas de JK.

PV

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