Legado de Brizola sobre ignorância deixa elite brasileira engasgada

Ontem, enquanto rolava o feed do Instagram sem nenhuma pretensão, apenas para passar o tempo, me deparei com um vídeo de um debate presidencial. Nele, o então candidato Fernando Henrique Cardoso questionava Leonel Brizola sobre o custo elevado da implementação e manutenção de escolas integrais. Brizola, em sua resposta certeira, disse que cara mesmo era a ignorância.

Fiquei refletindo sobre isso. É impressionante como uma frase tão simples consegue atravessar décadas e ainda fazer sentido. De fato, para o Brasil, a ignorância do seu povo sempre custou muito caro. E não falo aqui apenas da baixa escolaridade da classe trabalhadora, resultado de um sistema que historicamente negou oportunidades à maioria. Refiro-me, sobretudo, à ignorância das elites econômicas que sempre enxergaram o país como uma grande fazenda, onde a terra e a riqueza pertencem a poucos e os demais são tratados como peões descartáveis, sem direitos, sem voz e sem necessidades que mereçam atenção.

Essa ignorância, que se traduz em arrogância, miopia social e apego a privilégios, é talvez a mais nociva de todas. É ela que impede avanços estruturais, que sabota a democracia, que relega milhões de brasileiros à miséria e que insiste em tratar educação, saúde e dignidade como gastos e não como investimentos. É essa ignorância das elites que atrasa o país, que perpetua desigualdades, que bloqueia a construção de um futuro verdadeiramente justo.

Brizola tinha razão. A ignorância custa caro, mas o preço mais alto não recai apenas sobre quem a carrega. Ele é pago coletivamente, por um Brasil inteiro que poderia ser maior, mais livre e mais igual, se não fosse refém dessa mentalidade estreita de uma minoria poderosa.