Folhetim, última parte
Leitor define melhor epílogo para história dos amigos e as imaculadas
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Epílogo 1
Dois dias depois, RC explicou o plano para Maria Eduarda:
-Quando você sair da escola amanhã, diga que está passando mal. Por acaso, eu estarei por perto, me identifico para o motorista da van e falo que eu e Odilon vamos te levar para um hospital…Plínio vai avisar e tranquilizar as tuas madrinhas sobre o ocorrido.
-Certo, mas…e depois?
-Bem, aí nós vamos no meu carro para um lugarzinho confortável que eu já providenciei…e depois te deixo na pousada, explicou JC, com voz trêmula.
-Hum…acho que vai funcionar, aquiesceu, Maria Eduarda.
No dia seguinte, a performance de Maria Eduarda foi muito convincente. Quando avisadas do ocorrido por Plinio, as madrinhas, aflitas, queriam ir logo para o hospital, mas foram convencidas que a afilhada estava bem assistida e se recuperando. Ele também garantiu que logo os dois colegas trariam a moça inteiramente recuperada para casa.
RC e Maria Eduarda viveram o que se pode chamar de profunda e integral união de corpos e de mentes. Foram momentos em que pensamentos, percepções e vontades se abandonaram e se juntaram ao desejo de dois corpos ainda jovens…não queriam se separar nunca mais!
Após Maria Eduarda já estar recolhida na casa das suas madrinhas e, RC, de volta ao quarto coletivo na pousada, o mundo e a vida tinham adquirido outro sentido para os dois jovens.
Mas a felicidade dos amantes continuava incompleta, visto que Renata continuava irredutível quanto ao pacto sobre a formalização da separação formal com RC.
Faltando apenas cinco dias para os três colegas finalizarem o seu período de trabalho na cidade, RC, em desespero de causa, decidiu-se por uma medida extrema. Durante o almoço, confidenciou aos amigos:
-Vou levá-la comigo mesmo sem a permissão das madrinhas. Ela também está decidida a ir comigo.
-Isso é loucura, ela ainda é menor de idade, disso Plínio.
-Você vai ter muitos problemas se fizer isso, concordou Odilon.
– Não importa, sem ela eu não saio daqui, teimou RC. Odilon olhou nos olhos do amigo e falou:
-É isso mesmo que tu queres? Tens absoluta certeza quanto aos teus sentimentos por essa moça?
-Eduarda é tudo para mim agora, Odilon! Misteriosamente, Odilon disse:
-Então até amanhã vou falar com a Renata de novo! Dessa vez, ela vai ter que me ouvir.
À noite, durante o colóquio no espaço coletivo de visitação das Irmãs Imaculadas, aflitos, os dois jovens discutiam em voz baixa as providências práticas da viagem proibida para São Paulo.
Naquela noite, ao anunciar o fim do tempo dos colóquios para todos os pares, Eulália chamou RC para uma conversa.
-Então, Roberto, alguma novidade na sua situação?
-Infelizmente ainda não, dona Eulália.
-Que pena! Pelo que sei, você tem apenas mais cinco dias aqui na cidade. E quais são os seus planos agora?
-Eu voltarei para buscar Eduarda quando estiver tudo resolvido.
-Muito bem, ela estará aqui esperando por você, se é mesmo isso que os dois querem. Ao chegar no quarto, RC não viu Plinio.
-Plinio saiu sozinho para a noite hoje? Perguntou RC a Odilon.
-Não, ele está no hall da pousada. Pedi para ele sair porque queria falar a sós contigo.
-Mesmo? Por que isso?
-Olha Roberto, não vou te enrolar! Ocorre que eu estou separado de fato da Cristina há algum tempo… e Renata e eu começamos a sair juntos depois que vocês dois se separaram. Renata pediu para eu não te contar nada por um tempo, até a gente ter certeza de que seria algo sério.
-Não acredito…isso é mesmo verdade, Odilon?
-É sim! Bem, diante de toda essa situação por aqui, eu tomei a decisão de te contar e também de dar um ultimato para ela.
-Como assim, ultimato?
-Eu disse que se ela quisesse continuar comigo, teria que formalizar a separação contigo até amanhã.
-E ela…aceitou?
-Aceitou! Amanhã podes enviar uma procuração para o Jorge te representar lá em São Paulo. A Renata e ele vão juntos ao cartório formalizar o ato formal da separação.
Após permanecer imóvel e mudo tentando processar as informações recebidas de Odilon por algum tempo, RC falou:
-Obrigado, amigo! Agora eu preciso falar com três pessoas, disse RC, antes de sair em desabalada carreira rumo à sala das madrinhas da amada.
Após a documentação necessária ter sido providenciada e chegado às mãos de RC no dia seguinte, o casamento foi imediatamente agendado no cartório de Rio Branco para a véspera da viagem do casal Roberto Carlos Martins e Maria Eduarda Silveira Martins para São Paulo.
O encanto encharcado de doce veneno das Imaculadas noivas de Rio Branco tinha feito mais uma feliz vítima.
Epílogo 2 (Autoria: minha amiga B.):
Combinada a estratégia para o tão desejado encontro a sós, uma palavra não saía da cabeça de Roberto Carlos: I-MA-CU-LA-DA !
Ele sabia que as mocinhas do abrigo eram protegidas pelas irmãs como duas harpias, isso envolvia, claro, a pureza das futuras noivas. RC não negava que essa ideia o excitava muito, sempre imaginara como seria ser o primeiro homem na vida de uma donzela. Com Renata ele não havia sido o pioneiro.
– Você viu que não sou exatamente uma freira – lembrava ele de ter ouvido Maria Eduarda falar. O que afinal significava ‘ não ser uma freira’?. Depois de ficar dando tratos à bola, acabou deduzindo que ela se referia a ter sido flagrada fumando.
Além desse ‘ pecado’, RC sabia que teria que se controlar muito para não avançar o sinal com sua imaculada Dudinha – como a chamava privadamente – até a noite de núpcias. Mas, uns amassos ela permitiria hoje? Ah, como ele ansiava por isso…
Naquela noite, para não despertar suspeitas, o casal manteve o costumeiro colóquio semanal, sempre acompanhado por alguma das outras moças.
Era regra da casa. Estavam sentados na “namoradeira” de mogno que faria sucesso em algum antiquário, quando Dona Eulália chegou.
– Deixei minha irmã cuidando da pousada porque precisava tratar de outro ponto com o senhor sobre o nosso acerto. Todo pretendente deixa uma doação para manter as despesas do abrigo e assim continuarmos nossa boa ação de proteção às jovens desamparadas.
RC não esperava por aquilo, muito menos pelo valor apresentado por Eulália num papelzinho. Eram muitos zeros. Engolindo em seco, ele percebeu que eram todas as suas economias, incluindo o que seria a parte da ex-esposa na hora do divórcio.
Mas, estava tão entusiasmado pela ideia de possuir uma jovem linda e virginal como Eduarda que assinou um cheque, repassando toda sua poupança e o valor das ações da Petrobrás para o abrigo das imaculadas.
Os namorados despediram-se com dois beijinhos no rosto, mas quem olhasse bem veria que RC piscou o olho para a jovem que respondeu com uma risadinha marota.
Depois de trocar de camisa e renovar a colônia amadeirada atrás da orelha, RC decidiu passar no posto de gasolina para encher o tanque. Não sabia bem até onde iria levar sua amada.
Enquanto esperava a vez, outro motorista puxou assunto:
– É sua primeira vez na cidade ? – perguntou o desconhecido.
– Sim, vim a trabalho, mas estou surpreendido como estou gostando daqui, disse RC, sabendo bem a razão.
– Ah, mas já foi bem melhor, afirmou o homem. Antes havia a Casa das Lulubertinas, onde nós, viajantes, nos divertíamos pra valer. Era a melhor uisquería da região, a que tinha mais mulheres bonitas, brotinhos arregimentados por duas irmãs que vieram de fora.
-E mesmo? surpreendeu-se, RC.
-Uma das jovens, em especial, era disputada a tapa pelos clientes. Dona de uma beleza arrasadora, angelical, fala doce, e – ao mesmo tempo – ardente como nenhuma das outras. O nome dela era Maria Eduarda, suspirou profundamente o homem, jamais esqueci esse nome…
Nesse momento, RC, lívido, teve um acesso de tosse.
-Depois estragaram tudo, fecharam a casa, alegando muita concorrência nas cidades vizinhas e perseguição das senhoras beatas. Virou outra coisa, parece que um abrigo para moças solteiras, encerrou ele, pagando a gasolina e partindo, ainda suspirando.
Após a revelação, a única coisa que Roberto Carlos conseguiu pensar na hora foi:
– Será que consigo meu dinheiro de volta?
……………..
Fim