Lembranças do golpe de 7 de setembro de 2021, que deu chabu

– Mulher, vou pra Paulista apoiar o homem. Vou autorizar ele a fazer o que quiser, vou dar porrada em esquerdalha, invadir a Foice de S.Paulo… vou lutar, vou pra vencer ou morrer!

– Tá bom, querido. Na volta, passa na padaria e compra pão.

– Mulher, você não entendeu. Vou pra guerra, pra vencer ou morrer!

– Se morrer não traz o pão. Eu é que não vou comer pão trazido por fantasma!

…..

– Mulher, vou pra Brasília. Viagem longa e cara, mas preciso autorizar o homem a dar o golpe no dia 7. Vai ser a segunda independência do Brasil!

– Que bom, querido. Vai sim. Boa diversão.

– Diversão? Bah! Tu não tá entendendo, vou pra guerra, vou pra vencer ou morrer!

– Então vou fazer como as mulheres dos antigos bandeirantes. Se tu não vencer, nem volte, pra mim tu morreu.

Seis dias depois ele chega de volta a sua casa, no Rio Grande do Sul, desmoralizado, sujo e sem um puto no bolso.

– Mulher, perdemos! O homem arregou – e engasga, ao ver a mulher transando com o vizinho.

– Que que é isso? Vou matar vocês dois!

O vizinho foge mas a mulher encara o marido.

– Acompanhei pela TV o vexame de vocês. Bah, nem pelearam. Lembra que falei, se tu não vencer, nem volte, pra mim tu morreu? Então fiquei viúva, e viúva pode dar pra quem quiser.

E, num tom de zombaria, concluiu.

– E tu faz tudo o que o homem manda, tu é gado, e gado tem chifre!

…..

– Agenor, vi num vídeo que o homem decretou estado de sítio. Vencemos!

– Também vi, Edinei. Vencemos! Viemos pra vencer ou morrer, mas nem foi preciso lutar. O Brasil tá em estado de sítio!

– Agenor, tu sabe o que é estado de sítio?

– Sei não, Edinei. Mas sei que só quem vai mandar é o homem. Somos guerreiros dele, a gente pode fazer o que quiser. Se alguém chiar, a gente fala, “somos guerreiros do homem” e manda praquelelugar.

– Fazer o que quiser, Agenor? O que tiver vontade?

– Sim, Edinei.

– Me beija gostoso, Agenor?

– Beijo sim, Edinei!