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Eldorado Amazônico

Lendas místicas na densidade e imensidão da floresta

Publicado

Autor/Imagem:
Paulus Bakokebas - Foto Editoria de Artes/IA

Entre cipós emaranhados, rios sinuosos e uma biodiversidade que parece saída de outro planeta, a Amazônia guarda, além de sua exuberância natural, uma coleção de mitos que desafiam a razão. Entre os mais fascinantes está o relato de uma cidade de ouro, oculta em algum ponto inexplorado da selva: o lendário Eldorado dos trópicos.

Essa história de uma cidade feita inteiramente de ouro – com templos reluzentes, ruas pavimentadas com pepitas e governantes cobertos de pó dourado – seduziu aventureiros desde o século XVI. Exploradores espanhóis, portugueses e até libertos das Américas partiram em expedições arriscadas, mergulhando nas entranhas da floresta, sedentos por riqueza e glória. Muitos jamais retornaram; outros regressaram enlouquecidos, destruídos pela selva ou pela obsessão.

A lenda do Eldorado tem raízes prováveis no mito dos muiscas, povos indígenas da atual Colômbia, que realizavam rituais com ouro em lagos sagrados. Mas com o tempo a narrativa foi transferida para o coração da Amazônia, alimentada por relatos exagerados de missionários, cartógrafos e cronistas coloniais. A partir do século XVIII, surgiram relatos de uma suposta cidade chamada Manoa ou Cidade Z, referida pelo explorador britânico Percy Fawcett, que desapareceu em 1925 enquanto procurava a misteriosa civilização.

Mas o Eldorado amazônico não é apenas lenda. Ele é também símbolo. Representa os limites da ambição humana, o fascínio por territórios inexplorados e o eterno confronto entre sonho e realidade. Enquanto as fronteiras urbanas se expandem e satélites fotografam os confins da Terra, as lendas persistem, protegidas pela neblina da mata e pelas águas revoltas dos rios.

Há quem afirme que a “cidade de ouro” não é feita de metal precioso, mas de histórias, cultura e resistência: um Eldorado espiritual, onde povos originários mantêm viva uma sabedoria ancestral que o colonizador jamais pôde saquear completamente.

A floresta amazônica, portanto, segue sendo um capítulo em aberto da humanidade. Um labirinto de mistérios que nos lembra que nem tudo pode ou deve ser desvendado. E que, às vezes, a busca vale mais que o tesouro.

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