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Urdidura da Presença

Livro conta história dos negros da periferia

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Autor/Imagem:
Malu Oliveira - Foto Divulgação

Para além da história oral da população negra, registros fotográficos se tornam essenciais na atualidade, e foi com esse objetivo que a fotógrafa Késsya Souza registrou o cotidiano de quatro mulheres negras, mães e filhas, moradoras da periferia brasiliense.

Como resultado de longa pesquisa, Késsya eternizou momentos de alegria e afago de famílias negras e periféricas da capital brasiliense no fotolivro “A Urdidura da Presença” que está em pré-venda até o dia 22/01, para viabilizar a publicação física.

A palavra “urdidura” pode significar um conjunto de fios no universo do tear, mas também traz como sinônimo ação e enredo, conceitos que se igualam a busca da artista por se conectar com a história do outro, mudar a ótica sobre essas famílias e eternizar momentos de afeto.

“Cada momento de carinho entre pessoas negras é resistência e um motivo a mais para contribuir com a história oral que se construiu por tantas décadas. Além disso, essas pessoas foram responsáveis pela construção desta cidade, e aqui também constituíram vida, família e amores”, conta Késsya.

As protagonistas das fotografias da artista possuem poucos registros visuais, e devido a isso, suas histórias de família foram preservadas na oralidade. Reforçando a relevância da obra, o estudo “Raça/cor: O perfil étnico-racial da população no DF” evidenciou que as mulheres negras são maioria no DF e correspondem a 28,7% da população.

O estudo foi feito pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) e divulgado em novembro de 2022, revela que a população negra atualmente representa 57,3% (autodeclarados pretos e pardos) dos 3.094.325 habitantes da capital. Késsya conta que a pesquisa foi como um mergulho na própria memória e identidade.

“O processo de pesquisa e fotografia foi como ver minha história sendo recontada, além de ter sido uma oportunidade de fortalecer essas mulheres em seus contextos socioculturais e legitimar suas narrativas”, explica. A atuação da artista volta-se para as famílias em lugares periféricos, que possibilitam o diálogo com sua própria história, e buscam conectar-se com as narrativas que lhe são contadas no ato de fotografar.

Késsya Souza é uma mulher negra e artista visual que divide seu tempo entre Brasil e Portugal, motivada especialmente pelo storytelling griot (griô). Os griôs são pessoas da África Ocidental conhecidos como “os guardiões das palavras” na cultura de diversos países africanos, e carregam a importância de preservar e transmitir as histórias e conhecimentos do seu povo. “Busco um novo olhar sobre as histórias de família negra. As fotografias propõem-se ao resgate do que as mulheres fotografadas viveram como ferramenta para construção do presente, evidenciando a afetividade e criando novas memórias em diálogo com o passado”, explica a artista.

Késsya é técnica em áudio e vídeo pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), graduada em Serviço Social pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduada em Fotografia como Suporte para Imaginação (Unyleya) e mestre em Direitos Humanos e Cidadania (UnB). Participou do 1º Festival Foto de Quebrada (2020/21), promovido pela ONG Jovem de Expressão em Ceilândia/DF, e do Festival Recanto do Cinema – Audiovisual na Periferia, promovido pelo IFB, com o documentário Ponto de Encontro (2019).

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