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O confisco

Loucuras do plano parido por uma louca

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José Escarlate

Descapitalizado, o país virou um pandemônio. Havia um cenário de desespero. Pessoas enfurecidas, bancos apedrejados pelo povo, estarrecido pela desfaçatez e incompetência dos governantes, que não sabiam explicar como a meta seria salvadora. O confisco foi definido de forma totalmente irresponsável. Não havia a mínima fundamentação técnica.

Após deixar o cargo, Zélia Cardoso de Mello confessou no livro “Zélia, uma paixão” que os 50 mil cruzados novos liberados para correntistas e poupadores foram resultado de um sorteio. Ou seja, poderia ser qualquer valor escrito em pedaços de papel.

Para explicar o inexplicável – a ruptura da economia brasileira -, a “intrépida” ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, escalou um desconhecido, de nome árabe e um sotaque inglês tão acentuado a ponto de prejudicar a compreensão de seu português, para ir à televisão mostrar aos poupadores brasileiros que o diabo não era tão feio como pintavam: o confisco da caderneta de poupança. Tratava-se de Ibrahim Eris, turco de nascimento e feito presidente do Banco Central. Sua fala deixou uma imagem de medo, de insegurança.

Os erres escorregadios, os erros gramaticais de Eris revoltaram mais ainda os correntistas que acordaram no dia 16 de março de 1990, com apenas 50 mil cruzados novos nas contas. Anos depois, demonstrando que não mudou nada, apesar de ter sido posto para fora do governo, Fernando Collor, falando sobre o confisco, disse à imprensa: “Já pedi desculpas. Se não quiserem aceitar, não aceitem. Eu não vou perder a minha noite de sono porque eles (os brasileiros) não aceitam meu pedido de desculpas.”

PV

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