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Louise virou estrelinha. Basta de violência. Alguém precisa agir contra o feminicídio

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Layla Andrade

Louise é mais uma estrelinha a ir para o Céu, vítima da violência contra a mulher. Mas, basta! É chegada a hora de acabar com a triste realidade que mancha a dignidade humana. Mesmo porque, o quadro que se desenha pode ser ainda pior do que o cenário expresso pelos números de assassinatos de mulheres.

O mapa de violência revela que, entre 1980 e 2013, foram mortas 106.093 mulheres vítimas de homicídio no Brasil. Efetivamente, o número de vítimas passou de 1.353 mulheres em 1980, para 4.762 em 2013, um aumento de 252%. A taxa, que em 1980 era de 2,3 vítimas por 100 mil, passou para 4,8 em 2013, um aumento de 111,1%.

O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante.”

Segundo a pesquisa Violência e Assassinatos de Mulheres (Data Popular), 85% dos entrevistados acham que as mulheres que denunciam seus parceiros ou ex quando agredidas correm risco de serem assassinadas. O silêncio, porém, não é apontado como um caminho seguro – para 92%, quando as agressões contra a esposa e companheira ocorrem com frequência, podem terminar em assassinato. O risco de morte por violência pode ser eminente.

Vítima – Louise Maria Ribeiro da Silva, 20, estudante de biologia da Universidade de Brasília (UNB), entrou para as estatísticas na última quinta-feira (10), dois dias após o dia Internacional da Mulher, semana na qual o assunto ‘ violência contra a mulher’ estava sendo discutido intensamente, ao ser vítima do assassinato, cometido pelo ex-namorado, Vinícius Neres, 19.

Após o término do namoro, Vinícius teria ficado com alguns objetos de Louise. A desculpa perfeita para devolvê-los à garota, foi a isca que a levou a se encontrar com ele no laboratório na noite da quinta-feira, após ser abraçado pela garota Vinícius teria se enfurecido e decidido matá-la. Então ele a imobilizou, a obrigou a inalar um composto químico chamado Clorofórmio, que ele conseguiu dentro da universidade. Ele fez com que ela bebesse cerca de 200ml da substancia, o que a matou.

Leandro Ritt, chefe da Divisão de Repressão a Sequestros, da Polícia Civil, em entrevista também veiculada na internet, diz acreditar que Vinícius possui doença psiquiátrica grave, sendo um dos indícios a ausência de emoção durante a entrevista e ao encontrar seus familiares.

A Universidade de Brasília (UNB) convocou alunos, professores, técnicos-administrativos e toda a comunidade para um ato contra a violência, em homenagem à estudante. A manifestação foi na segunda-feira (14) e cerca de 6.000 pessoas compareceram. A instituição reiterou sua indignação e pesar pela morte violenta da aluna, se solidarizou com a família e os amigos de Louise e se colocou à disposição para conceder o apoio necessário.

Um aluno da Universidade de Brasília, Breno*, afirma duvidar que “se tivesse policiamento, ele (o agressor) não teria ficado tão tranquilo para assassinar uma pessoa dentro da Universidade quanto ele ficou. Precisa de polícia sim, muitos colegas meus sofrem com o medo daquele lugar a noite, ir para a aula sem ter certeza de que pode voltar com todos os seus objetos materiais e sem danos físicos é cotidiano”.

Outro aluno, Lucas* diz que “o problema é que alguns estudantes, são contra a PM. Isso é terrível, eu já vi em diversos locais mensagens nas paredes, como “fora PM”, “não precisamos de polícia”. A partir dessas atitudes, aí fica aquela ideia da cultura do povo brasileiro, deixar acontecer para depois arrumar. Digo “deixar” pois já sabíamos que era só questão de tempo de algo mais sinistro acontecer”.

Importância – O principal ganho com a Lei do feminicídio (Lei n° 13.104/2015) é justamente tirar o problema da invisibilidade. Além da punição mais grave para os que cometem o crime contra a vida, a tipificação é vista por especialistas como uma oportunidade para dimensionar a violência contra mulheres no País, quando ela chega ao desfecho extremo do assassinato, permitindo, assim, o aprimoramento das políticas públicas para cobri-la e preveni-la.

O jovem foi autuado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, uso de substância química e por não dar chance de defesa à vítima) e ocultação de cadáver. Se condenado, ele pode pegar de 12 a 30 anos de prisão pelo homicídio e de 1 a 3 pela ocultação do cadáver. O suspeito foi encaminhado na sexta-feira de manhã, para o complexo da Papuda.

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