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Vence Flávio e Tarcísio

Lula, apesar de ruim ou péssimo (37%) e bom (32%) rema em calmaria

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Marta Nobre - Foto de Arquivo

A nova pesquisa Datafolha confirma um cenário de estabilidade na avaliação do governo Lula (PT), mas revela movimentos importantes no tabuleiro político. Segundo o levantamento, 32% dos entrevistados consideram a gestão ótima ou boa, 37% a classificam como ruim ou péssima e 30% a avaliam como regular. Em setembro, esses índices eram 33%, 38% e 28%, respectivamente — variações dentro da margem de erro que reforçam a leitura de um governo estagnado em termos de percepção pública.

Apesar desse quadro, o potencial eleitoral de Lula permanece sólido. O Datafolha aponta que, se a eleição fosse hoje, o presidente venceria com folga seus principais adversários. E aqui surge um dado crucial: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que anunciou sua pré-candidatura à Presidência apenas 72 horas antes da coleta de dados, aparece 15 pontos percentuais atrás de Lula em um eventual segundo turno. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria uma diferença menor — cinco pontos — mas ainda seria derrotado.

O fato de a candidatura de Flávio ser tão recente é central para interpretar o cenário. O nome do senador ainda não foi plenamente testado ou assimilado pelo eleitorado nacional, o que torna seus números embrionários — porém, ao mesmo tempo, reveladores. Mesmo com pouco tempo de exposição, Flávio já aparece como o provável polo de reorganização da direita bolsonarista, sem, contudo, reduzir de forma significativa a vantagem de Lula no segundo turno.

O levantamento ouviu 2.002 eleitores de 16 anos ou mais entre terça (2) e quinta-feira (4), em 113 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

A atualização dos índices mostra o seguinte quadro:

Ótimo ou bom: 32% (33% em setembro)
Regular: 30% (28% em setembro)
Ruim ou péssimo: 37% (38% em setembro)
Não sabe/não respondeu: 1% (2% em setembro)

A medida de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ainda não se traduz em ganho político claro. Entre os trabalhadores que recebem de dois a cinco salários mínimos — faixa mais diretamente beneficiada — Lula teve alta de quatro pontos na aprovação, mas esse movimento está dentro da margem de erro.

Na avaliação pessoal do presidente, o quadro também sugere estabilidade: 49% aprovam Lula (contra 48% na pesquisa anterior) e 48% o desaprovam — mesmo índice de setembro.

No detalhamento socioeconômico, reforçam seu apoio ao governo os maiores de 60 anos (40%), os menos escolarizados (44%), os eleitores do Nordeste (43%) e os católicos (40%). Já entre grupos tradicionalmente mais críticos ao PT, a reprovação cresce: 46% entre quem tem ensino superior, 53% entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos, 45% no Sul e 49% entre evangélicos.

No conjunto, o Datafolha indica que o lulismo mantém seu núcleo estável de apoio, enquanto a direita busca reorganizar seu campo. A entrada de Flávio Bolsonaro na disputa — ainda sem efeito mensurável, mas repleta de simbolismo político — inaugura uma nova etapa no jogo eleitoral, cuja capacidade de alterar o cenário dependerá das próximas semanas.

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Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras

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