Visão lá de fora
Lula precisa manter o leme e avançar com as conquistas para a sociedade brasileira
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O Brasil passa por um importante momento de inflexão, aquele em que ocorre uma mudança significativa em um cenário ou situação, e que geralmente leva a uma importante transformação. Foram poucos momentos realmente importantes no Brasil que marcaram a sociedade positivamente, que fizeram o país avançar e permitiram saltos significativos no processo civilizatório. A adoção do voto feminino, a implantação da CLT, a adoção do 13º salário, a campanha das diretas já que pôs a pá de cal na ditadura, a constituição de 1988 se situam nos eventos marcantes que merecem figurar como momentos de inflexão, verdadeiramente disruptivos quanto ao status quo conservador, machista e devastador que insiste em vicejar por aí.
O momento atual é um destes ímpares momentos de inflexão quanto aos destinos da maioria do povo brasileiro. Está em causa questões de extrema relevância no âmbito social: a possibilidade real de se alterar a jornada de trabalho e a tributação da renda, medidas que, se aprovadas, vão ao encontro do desejo da imensa maioria do povo brasileiro.
E esta inflexão decorre fundamentalmente em função da atuação hipócrita e anti povo do atual Congresso Nacional do Brasil, seguramente o pior em termos de representação popular e mais à direita e fisiológico de sempre. Ao derrubar o decreto do governo sobre o IOF, uma medida que elevava a cobrança de um imposto que atingiria majoritariamente o povo rico para viabilizar equilíbrio fiscal, e no mesmo dia aprovava o aumento do número de parlamentares elevando sobremaneira os gastos públicos, deu uma mostra inequívoca de que o país precisa de um novo rumo, um caminho em direção a uma justiça fiscal e de respeito à imensa maioria.
Estas medidas que traduzem políticas voltadas para a proteção aos super ricos e descaso com os gastos públicos, aliado a outros movimentos do parlamento, também gritantes, como a indiferença quanto ao projeto de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5.000,00 materializada na demora em apreciar esta proposta do governo, e ainda o desprezo pelo projeto de redução da jornada de trabalho, o fim do 6 x 1, colocou a imensa maioria da sociedade brasileira em sintonia com estes projetos, que são iniciativa do governo Lula. A percepção do apoio popular a estas pautas significa que a aprovação a Lula está resgatada, ainda, mas deixa evidente que o governo tem nas mãos elementos importantes e necessários para desanuviar o debate e mostrar à sociedade quem está em linha com o que defende e precisa o povo.
O debate que ora se avoluma nas redes sociais e tanto susto tem provocado nos meios de comunicação da grande mídia, defensora dos interesses dos super ricos, pode ser o estopim que detonará esta inflexão, ao impor ao Congresso uma quase obrigatoriedade de aprovação destas medidas, mesmo a maioria dos parlamentares sendo contrária, pois, embora contrários, os parlamentares precisam de votos e certamente não quererão figurar em campanhas com seus rostos exibidos como inimigos do povo brasileiro.
Sinais das redes sociais e da mídia evidenciam que esta campanha de informação, esclarecimento e convencimento sobre estes importantes projetos, a correção da tabela do imposto de renda e o fim da jornada 6 x 1, não será intimidada diante da vexatória, infeliz e mentirosa campanha dos porta vozes da elite endinheirada do Brasil como o famigerado banqueiro Armínio Fraga, que defende intransigentemente o congelamento do salário mínimo, de que se trata de jogar uns contra os outros. Esta mentira tem de ser denunciada. Não há nós contra eles, até porque se trata de projetos que atendem a quase totalidade do povo brasileiro em troca de uma pequena elevação dos impostos para um reduzidíssimo número de pessoas no Brasil, cerca de 140.000, o que sequer corresponde a 1% da população do país.
São passos necessários e importantes rumo a maior justiça fiscal e o início de uma caminhada rumo a uma menor desigualdade social.
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Antonio Eustáquio é correspondente de Notibras na Europa