Barquinho no Paranoá
Maduro e Trump, sob a visão de Lula e Mauro
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Nada como um afago beligerante. Uma conversa fiada por meio telefônico entre Trump e Lula, no último 6 de outubro, foi suficiente para que o presidente encarnado tivesse uma descarga de endorfina. Saltitante, o líder de 27% da população brasileira (mas que preside 100%), exaltou as independências da Venezuela e Cuba e afirmou que aqueles povos sofrem pelo destino que eles próprios escolheram. Nenhum estrangeiro deve interferir, concluiu. Como se a humanidade fosse dividida entre petistas e gringos – o que inclui os manés de Barroso.
O recado tosco tinha endereço: seu desafeto químico, Donald Trump. A alegria pode durar pouco. Depois de explodir cinco embarcações e vinte e sete indivíduos desconhecidos, forças militares estadunidenses cercam a Venezuela equipadas com oito navios de guerra, submarino nuclear e dez mil soldados. Incontáveis caças e helicópteros dão suporte a um eventual delator que vai receber US$ 50 milhões, caso Maduro seja capturado. Ou impedido de viver. Até aqui o Itamaraty parece não ter entendido o recado.
A desculpa do mad blond Trump para explodir o Caribe é o tráfico internacional de drogas que tem Maduro como CEO. O loiro midiático já disse com todas as letras que Maduro “está demitido!”. O Brasil, que ele tanto ama, representa uma das maiores – ou a maior – rede organizada do narcotráfico internacional. É o hub mundial das drogas que abastece o planeta. Seus dirigentes são conhecidos, mas não são presos. Quando são localizados, habeas corpus caem do céu. Uma farra.
Comparado à Venezuela, O Brasil é infinitamente maior em projeção global nessa poderosa indústria da matança e o maior aspersor de cocaína do mundo. Para auxiliar o Itamarati a entender as manobras de Trump no Caribe, nem é preciso desenhar. Basta uma regra de três, composta, com a extensão territorial dos dois países, o volume de drogas exportado, a quantidade de terminais de transporte aéreo e marítimo (inclusive os milhares clandestinos), o organograma do crime com suas divisões e filiais, a profissional lavagem de dinheiro e outras facilidades encontradas em nosso território.
O resultado é flagrante. Estará mesmo interessado em combater o narcotráfico venezuelano, quando a principal escala com destino ao Tio Sam é o Brasil, seguido do México? A mesma regra de três deve ser aplicada incluindo o fator forças militares dos EEUU, caso o cenário hipotético venha a ser o Brasil. Marcola, Fernandinho Beira-Mar, Elias Maluco, Marcinho VP, Isaias do Borel e tantos outros cujos CEPs são mantidos pela Polícia Federal, inclusive de seus comandados e sócios, que seriam vaporizados sem aviso prévio. Um prejuízo milionário aos plantonistas do Direito, encarregados da logística e soltura desses elementos.
O animado saltimbanco vermelho, ao defender a Venezuela e Cuba – este, país curiosamente ainda existente – ultrapassa a fronteira da razão e raciocínio lógico. Onde estão os grandes aliados comunistas desses dois países – e, agora, do Brasil -, China e Rússia? A Venezuela, uma das mais promissoras nações da América Latina está em ruínas. Cuba nem merece comentários, onde a miséria já é herança de ao menos três gerações. Nenhum renomado político ou celebridade esteve exilado em Cuba, na época do regime militar brasileiro. Seus destinos foram centros europeus, como Londres e Paris.
Qual a razão de Lula defender duas ditaduras vizinhas e fracassadas? Está antecipando a logística do bloco Perdeu, mané? Disse ele, na reunião de comunistas – do PCdoB, que o Brasil nunca será a Venezuela. É a mesma coisa que afirmar que Dilma Rousseff nunca estará na Academia Brasileira de Letras, ou seja, sempre há uma possibilidade. Pelo menos no Brasil do imponderável. No caso da ABL, pelos últimos fardões concedidos, tudo pode acontecer. Já o playboy yankee adota outra narrativa mais convincente. Ele explode coisas e gente e deixa um recado claro ao entusiasmado senhor envelhecido em umburana: não tenha inveja de seu irmão e camarada Nicolás Maduro. Ele chegou lá antes, mas vai sair antes também.
O chanceler Mauro Vieira, escalado como sparring de Marco Rubio, secretário dos EUA que detesta Lula, está até agora procurando combatentes chineses e russos em território venezuelano. Mas só encontrou nativos aprendendo a atirar flechas, foices e martelos, que serão utilizados para enfrentar os marines de Trump.
– Maurinho, o que devo fazer? Ligo ou não ligo para a moça que ganhou o Nobel da Paz?
– Presidente, acho embaraçoso ligar para a Maria Corina Machado. O Maduro vai ficar contrariado, não temos nem como disfarçar…
– Pois é, agora mais essa, além de Trump ter acabado com a guerra em Gaza, não podemos comemorar nem uma coisa nem outra.
– Principalmente nesse momento em que o gringo cercou a Venezuela e autorizou a caçada.
– Você acha que é um cartão de visita pra nós? O cara está explodindo tudo, parece um doido…
– Não tenho certeza, presidente, mas é bom conversar com nossos parceiros e pedir para não conceder habeas corpus toda hora pra essa gente do narcotráfico. Eles estão de olho…
– Maurinho, vou te dizer uma coisa que está além do nosso plano de fazer do Brasil a melhor ditadura do planeta. O Trump quer mesmo é nióbio, lítio e grafeno. Mas o Jinping também quer. Então vamos ficar quietos, tomar todas e deixar essa briga de gigantes com eles.
– Mas nada de passeios de lancha, presidente… vai que…