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Raízes venezuelanas

Maduro mostrou caminho, mas tirania verde e amarelo caiu

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Autor/Imagem:
Sonja Tavares - Foto de Arquivo/Marcelo Camargo - ABr

Acostumados a falar de tudo sem saber de nada, os “patriotas” raiz se cansaram de vincular Luiz Inácio à Venezuela de Nicolás Maduro. Vincularam porque um dia Maduro teria sido simpatizante dos movimentos esquerdistas. Teria sido, pois sua vocação sempre foi a do poder absoluto. Ao contrário do que diziam – e dizem – os seguidores do mito mequetrefe e sem trono, o ditador venezuelano tem tudo a ver com o Brasil, mas não o de Lula. Nicolás é a cara e a coroa de Jair Bolsonaro, cuja sanha golpista jamais foi divisionista. Muito pelo contrário. A fruta que ele realmente desejava, Maduro chupa até o caroço, mesmo que ainda esteja verde.

Potencialmente parciais, só os ingênuos do tipo idiotizados pelo sorriso camaleônico do ex-presidente acreditam que, caso o golpe lograsse êxito, Jair entregaria fácil o poder em 2026, 2030 e daí por diante. Faria o que está fazendo o mandatário venezuelano: inabilitaria candidatos com reais condições de derrotá-lo em julho próximo, mandaria para a prisão opositores fortes, cassaria o registro de líderes que se aventurassem a peitá-lo e impediria a entrada de eventuais observadores eleitorais. Em síntese, agiria como agem Maduro, os camaradas Javier Milei e Vladimir Putin, o companheiro Benjamin Netanyahu e o amiguinho de infância Viktor Orbán, premier da Hungria.

Embora seja uma tarefa difícil, a primeira função do democrata do Almanaque Capivarol seria acabar com a Justiça Eleitoral, órgão que, segundo os bolsonaristas mais extremados, só serve para atrapalhar a vida dos que nasceram para mandar. A referência aos mais extremados se justifica porque, como todos sabemos, há no seio da “família” antidemocrática expressivo grupo que não consegue diferenciar coturno de borduna. Trata-se de um exército denominado maria vai com as outras, cuja função normalmente é botar a cara e o lombo para apanhar. São presos, condenados, mas não aprendem. Se houvesse possibilidade, fariam tudo de novo.

Para sorte do país, não haverá segunda chance para o azar. Apesar de o Brasil e o mundo conhecerem seu passado obscuro e de pouca candura, Jair Messias passou quatro anos pregando a democracia. Não a plena, é claro, mas a relativa, definida pelos analistas políticos como a que desaparece com os que ameaçam o poder do tirano e só aceita adversários afinados com a tese da perpetuação. No máximo, são admitidos na disputa de cartas marcadas os opositores sem qualquer apoio popular, isto é, os que não incomodam.

A semelhança não é mera coincidência. Mesmo que o sujeito seja um arremedo de ditador, bater palmas para líderes que defendem a tortura, o estrangulamento dos direitos humanos e a morte de quem pensa diferente é, no mínimo, vergonhoso. Querer celebrar uma data em que todos os brasileiros sem farda foram colocados no mesmo balaio também é um acinte que não deve ser esquecido. Portanto, admitir um golpe como a solução definitiva contra a volta ou a manutenção de contrários é não saber, como os seres humanos normais, valorizar a liberdade e a vida. Reconhecidamente, os bolsonaristas não sabem. Talvez tenham aprendido a técnica com Maduro, o golpista mais cara de pau das Américas.

Tanto não sabem que insistem em associar Lula a Nicolás Maduro. A única paridade é que ambos já representaram a esquerda. Hoje, Maduro faz parte do que há de pior no mundo moderno. Disse e repito que se havia uma chance de o Brasil ser venezuelizado ela atendia pelo nome de Jair Bolsonaro. De terrível memória, a ditadura de 1964 não deveria sequer ser lembrada. Data histórica? Pelo amor de Deus! Foi um Brasil que passou em nossas vidas. Nada mais. Sessenta anos depois, que ela fique onde está: a sete palmos da superfície, os mesmos sete palmos onde estão todos os que se opuseram aos generais da época, estariam os antibolsonaristas caso o 8 de janeiro tivesse vingado e, em breve, estarão os opositores de Maduro. Alguém duvida?

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