Teu passado te condena
Maílson da Nóbrega, eu sei o que você fez no Plano Verão
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Hoje assisti à entrevista do economista Maílson da Nóbrega na GloboNews. No meio da fala, ele solta, com toda a segurança do mundo, a seguinte frase: “Não há nenhuma razão de natureza política, estratégica, econômica que justifique a presença de empresas estatais no Brasil.”
Veja bem: cada um é livre para ser entrevistado, para opinar, para defender suas teses. Até aí, nenhuma objeção. O que me chama atenção é a facilidade com que certas opiniões, ditas com ar de verdade absoluta, são engolidas como se fossem dogmas universais. Principalmente quando vêm de figuras que, convenhamos, já entregaram ao país resultados bastante questionáveis.
Fico surpresa com a reverência automática. Porque é impossível esquecer que o próprio Maílson assinou o Plano Verão, um fracasso monumental. Ele não conseguiu sequer explicar de forma clara como funcionava o plano, levando milhões de brasileiros ao erro. E quando a Justiça determinou que os bancos devolvessem o dinheiro, ainda apareceu para criticar a decisão. Ironias da vida.
Eu até poderia entrar em detalhes sobre o Escândalo Marka/FonteCindam, mas prefiro deixar essa parte para quem quiser pesquisar. Há histórias que envelhecem mal e talvez seja por isso que certos nomes falam com tanta desenvoltura sobre o que deveria ou não existir no Brasil.
No fim das contas, o que me incomoda não é a opinião dele. Ele tem o direito de ter e de expressar qualquer opinião. O problema é a forma como ela é recebida: como se viesse de uma autoridade incontestável. Como se não existissem nuances, contradições, interesses e, sobretudo, histórico.
Por isso eu sempre repito: desconfiem das verdades absolutas. Principalmente quando elas vêm embaladas por quem, no passado, já errou ao tentar ditar os rumos da economia brasileira.