Suave alegria
Mais uma alvorada em mim
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Despertei, como quem renasce
num ciclo de luz que se abre em silêncio.
Mais um dia, como tantos,
mas este traz um sopro diferente.
Lavo meu rosto com águas de esquecimento,
deixo que o tempo cure o que ainda pulsa.
Não há lamento só entrega.
A brisa invade minha janela como um convite.
Roubarei a beleza da manhã,
como quem colhe pétalas do céu.
Em suave alegria, pensarei no Divino,
não aquele dos trajes rígidos e gestos formais,
mas no Criador que dança com o vento
e pinta auroras com dedos de luz.
Penteio meus cabelos como quem prepara oferendas,
deixo que o sol os abençoe com seu calor.
Vestirei o tecido que abraça minha cintura,
sem véus, sem receios apenas verdade.
Minhas pernas caminharão livres,
como rios que não pedem permissão.
Nos lábios, o tom da paixão madura:
vermelho-escarlate, talvez carmesim,
como o rubor das estrelas ao cair da tarde.
Desejarei. E você, com olhos de admiração,
dirá palavras que acendem meu riso.
Você dirá: “Estás radiante.”
E eu lhe darei aquele sorriso que guarda
a ternura de mil primaveras.
Hoje, despertei mais jovem,
com sede de afeto, de toque, de presença.
Sairei para o mundo sem pesos inúteis,
sem pensamentos que embaralhem minha essência.
Levarei comigo uma centelha viva,
quebrarei o ciclo da repetição,
não ficarei entre paredes que não me refletem.
Eu sou outra quando corro sem olhar para trás,
quando o vento me chama pelo nome.
Acordei cedo, acariciei Maia
minha guardiã de quatro patas.
E seu corpinho com seu pelo de seda,
recebeu meu carinho como quem entende
a linguagem secreta da alegria.
Elas testemunharam
minha energia recém-descoberta,
meu renascimento neste instante.
Despertei.
Mais uma vez.
E desta vez, sou inteira.