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Lógica dos pensadores

Mal uso do vaso sanitário começa em casa e acaba na política

Publicado

Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Após algumas décadas bem vividas, acho que já rodei mais do que prato de microondas. Por isso, imagino ter chegado a hora de atualizar o feed. O primeiro passo é usar o banheiro, particularmente a louça sanitária, e não deixar vestígios, como fazem nossos políticos. Custei a aprender que o trono era todinho meu. Para isso, bastava ser o primeiro da fila. Com o aprendizado da vida, entendi que nem tudo que cai dentro do vaso é arte para ser apreciada, percebi que preciso fechar a tampa para dar descarga e, principalmente, descobri que, para urinar, é fundamental se chegar mais perto da bacia, pois, no meu caso específico, o que seguro na mão não é tão grande como cheguei a imaginar.

Para os que ainda não se assumiram como péssimos usuários da privada, o Ministério da Saúde recomenda um máximo de cinco minutos sentados no vaso. Mais do que isso, é grande o risco de aceleramento do pisca-pisca. Para que isso não ocorra, a recomendação dos técnicos de futebol no botão é ficar de cócoras durante o serviço atemporal. Essa posição evita estresses repetitivos, prisão de ventre prolongada, facilita o acesso ilimitado do urologista e uma visão menos obtusa do proctologista e, sobretudo, garante prazer real durante a saliência nada republicana, embora muito usual em nossos dias.

Aliás, a casinha costuma ser o local onde os que não pensam tomam as decisões que normalmente se transformam em merda. Seria o caso de Netanyahu? Talvez! Provavelmente foi o de Donald Trump ao determinar a explosão das bases nucleares do Irã, mas, com certeza absoluta, foi o dos “patriotas” em 2018, de 2022 e em 8 de janeiro de 2023 e é o dos políticos brasileiros. O problema é que permanecerá assim até que alguém os informem que inocente são as pessoas que não fazem mal, que não são nocivas e que são destituídas de segundas intenções e de malícias.

Esses tipos mais radicais, entre eles a maioria de nossos congressistas, nascem como toletes saídos de uma cesariana. Analisando o homem pelo homem, não é incomum que boa parte deles vá ao vaso exclusivamente para cortar os sonhos alheios com gilete. E pacientemente fazem isso em nome de algo que jamais beneficiará a coletividade. É sempre assim. Eles levam uma vida de merda pensando que o que fazem servirá de adubo para seus túmulos. Enlameiam a vida dos outros e só reagem com alguma mansidão quando estão no fundo do poço e após terem feito alguma titica. É nesse momento que pessoas como Netanyahu, Trump e aquele presidente golpista cujo nome não gosto de escrever adoram pedir pela paz.

Eis a razão pela qual a lógica dos pensadores é simplória em relação à ascendência humana. Segundo eles, os macacos devem olhar de cima a baixo para o homem e pensar: Dessa vez fizemos merda mesmo! No Brasil, esse conceito é ainda mais apurado. Alguém protesta contra alguma coisa se não houver depredação? Qual de nós vai a uma festa sem cachaça ou mulher bonita? Há merda maior do que o torcedor que só frequenta estádios para promover pancadaria? Claro que tem. A pior delas é elegermos deputados e senadores que só pensam em ferrar com o povo.

Somos imbatíveis nesse quesito. Será que um dia a gente sai das fraldas? Tomara que pelo menos aprendamos a limpar as merdas que fazemos. E assim vamos vivendo uma vida bem mais ou menos nesse mundo em que o único questionamento acerca dos toletes produzidos pelos homens é imaginar como um trem desse sai do anel de um ser que se diz cristão. É por isso que, embora pense e repense, não consigo concluir se o melhor é votar em 2026 para que a direita se afogue de vez no vaso entiticado ou se componho um rap definindo cada um dos “patriotas” como algo que cheira pior do que um tolete. Enquanto apelo à lucidez, entre uma coisa e outra, o ideal é ficar com as duas.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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