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Dois milhões na matriz da Lava Jato

Defensoria Pública está de mala pronta pra corrupção

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Pedro Nascimento, colaborou José Seabra

Em tempos de globalização, de parcerias público-privadas e de corrupção, até a Defensoria Pública do Distrito Federal entra na roda. A advogada e ex-professora Maria Jose de Napolis mal chegou ao posto de defensora pública-geral – indicada pelo governador Rodrigo Rollemberg -, e já arregaçou as mangas para abrigar a nova sede do órgão.

As instalações atuais funcionam há dois anos em um prédio no escondido Setor de Indústria e Abastecimento. Essa locação, segundo o Tribunal de Contas do Distrito Federal, teria supostas irregularidades. Mas, como o mal feito faz escola e anda sempre ao lado de coisa ruim, a Sra De Napolis resolveu fazer as malas e se mudar, com a cuia debaixo do braço, para o suntuoso Rossi Esplanada Business, no disputado Setor Comercial Norte, área nobre de Brasília.

Essa mudança vai custar aos cofres públicos a bagatela de 2 milhões 200 mil reais só em aluguel. Mas a conta fica mais alta com as taxas condominiais, conservação e IPTU. A nova área a ser ocupada pela Defensoria Pública tem térreo, sobreloja e mais dois andares.

Além de esvaziar os já combalidos cofres públicos, as negociações para a locação estão recheadas de suspeitas. A começar pela empresa supostamente proprietária do imóvel. Trata-se da Serra Bonita Imóveis, que aparentemente existe só no papel. A imobiliária foi mencionada na Operação Perfídia, que devastou uma verdadeira plantação de laranjas, que tinha como suposto capataz Sebastião Alves Correia.

Sebastião, contudo – apressa-se em dizer um de seus advogados -, ‘é uma pessoa humilde e sem vaidades’. De fato, essa mexerica de gomos azedos e de idade avançada, tem como endereço residencial um apartamento no decadente Bay Park, no Setor de Hotéis e Turismo, a poucos quilômetros do Palácio do Planalto.

Em uma busca realizada no local, a Polícia Federal encontrou “mobiliários simples e um tanto desorganizados”, além de poucas peças de roupas desgastadas. Mas foi lá também que os policiais tiveram uma surpresa: em meio à bagunça do lugar, foram apreendidos 25 mil dólares e mais 129 mil em dinheiro vivo num cofre. No chão havia muitas moedas espalhadas. E em uma caixa sob a cortina, encostada a um canto da sala, com R$ 5 mil em notas de 2 reais. Para garantir que os amigos do alheio não chegassem por perto, Sebastião tinha um revólver calibre .38, municiado com seis balas.

Esse ‘senhor humilde e sem vaidade’, segundo versão de policiais, é perigoso. A PF o trata como testa de ferro da família Chater. O sobrenome é conhecido nacional e mundialmente. Afinal, os Chater são donos do Posto da Torre, que chegou a movimentar dois bilhões de dólares e onde teve início a Operação Lava Jato.

Foto: Pedro Nascimento/Notibras

Procurada, a Defensoria Pública do Distrito Federal nega que já tenha definido o novo endereço. Disse, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que ainda “será aberto procedimento de licitação ampla, de forma que qualquer imóvel que atenda às especificações do projeto básico poderá concorrer livremente no procedimento licitatório”.

Dá a entender, assim, que a respeitada instituição de auxílio judicial ao povo pode se mudar para qualquer imóvel, mesmo que as paredes sejam manchadas de corrupção. Por fim, um detalhe: a mesma assessoria que nega que o aluguel seja fato consumado, desconhece que alguns núcleos da própria Defensoria já estão abrigados no Rossi Esplanada Business.

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