Ciências ocultas
Mandrágora, a planta milagrosa do bem e do mal
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A mandrágora (Mandragora officinarum) é uma planta envolta em mistério, temor e reverência desde a Antiguidade. Símbolo de fecundidade, sabendo usar os seus atributos, a planta funciona como oráculo, revelando o futuro, e favorece o amor, a prosperidade e a riqueza. A raiz, de forma humanoide, é objeto de inúmeros relatos, superstições e usos mágicos ao longo da história ocidental e oriental. A estranha aparência antropomórfica alimenta a sua reputação mágica e o imaginário popular, pois é considerada um vegetal que possui alma e espírito.
A mandrágora é originária da região mediterrânea e do Oriente Médio, pertencendo à família das Solanaceae. Parente próxima da beladona (Atropa belladonna) e do estramônio ( Datura stramonium), ambas possuem propriedades místicas, espirituais e alucinóginas, e as raízes são frequentemente utilizadas no preparo de poções alquímicas e rituais. Mas, os cuidados com a elevada toxidade da planta devem ser redobrados. Os antigos acreditavam que durante a colheita da mandrágora o vento frontal deveria ser evitado, e permanecer de costas para o sol, pois o poderoso veneno era transmitido pelo ar. Reza a lenda que o melhor horário para a retirada da planta é precisamente à meia noite, na fase da lua cheia.
A etimologia da palavra mandrágora éassociada ao grego mandragoras, e esta, por sua vez, a radicais que significam “daninho para o gado”, e também “formato de homem”, pois as raízes se assemelham com estranhas criaturinhas humanas. Plínio, o Velho, menciona a planta em sua História Natural, descrevendo seu uso anestésico e o perigo de sua colheita: “quem a arranca do solo, corre o risco da loucura”. Essa crença originou o mito da “grito da mandrágora”, onde o som emitido ao ser retirada da terra seria mortal para quem a ouvisse.
Botanicamente, a mandrágora possui folhas largas, flores púrpuras e forma de sinos e frutos amarelos conhecidos como “maçãs do amor” ou “fruto do diabo”. Os frutos, de cores branca, avermelhada ou laranja, são afrodisíacas e usadas em rituais de amor e fertilidade. No entanto, é crucial ressaltar que a mandrágora é uma planta tóxica e seu uso deve ser feito com extrema cautela.
No campo da medicina antiga e medieval, a mandrágora foi usada como anestésico natural, sedativo, afrodisíaco e remédio para epilepsia, insônia e dores intensas. Durante a Idade Média, era comum sua inclusão em unguentos anestésicos ou em misturas com vinho, formando o chamado “vinho soporífero”. Em muitos casos, porém, o uso terapêutico era inseparável de rituais, orações e conjurações mágicas.
Na magia popular e cerimonial, a mandrágora é considerada uma planta de grande poder oculto. Usada em feitiçaria, necromancia e alquimia, é considerada um ingrediente essencial para filtros do amor, amuletos de proteção, pactos espirituais e operações de fertilidade. Os corpinhos humanos das raízes se adequam perfeitamente aos trabalhos mágicos e de feitiçaria, como “elementais”, garantindo a materialização daquilo que se quer, a chamada co-criação.
Na tradição esotérica renascentista, especialmente em tratados do alquimista Paracelso, a mandrágora simboliza a ligação entre o mundo vegetal e o espiritual. Considerada um “homúnculo natural”, ela seria uma forma de vida liminar, conectando reinos da natureza e do oculto, para o bem ou para o mal. Na zona rural medieval, a raiz antropomórfica era mantida em casa, banhada em leite e alimentada simbolicamente, como um espírito familiar que trazia bênçãos e proteção.
Apesar de sua popularidade, o uso da mandrágora foi amplamente reprimido durante os períodos inquisitoriais. A Inquisição a relacionava com práticas de bruxaria, possessão demoníaca e idolatria vegetal. Muitos supostos hereges foram condenados por portar raízes de mandrágora ou preparar unguentos com ela. No entanto, a mandrágora permanece no imaginário oculto, sendo resgatada por ocultistas modernos como Eliphas Levi, Aleister Crowley e autores contemporâneos da Wicca e do hermetismo.
Sobre as qualidades esotéricas da mandrágora, assim resume o mago Cornelius Agrippa: “A raiz da mandrágora, mais do que planta, é encantamento condensado, sombra viva da alma terrestre”. A planta é conhecida em italiano como mandragola, em francês como mandragore e em inglês como mandrake.
Mandrake, o Mágico, é um personagem de história em quadrinhos criado por Lee Falk e Phil Davis em 1934. Ele é conhecido por suas habilidades de hipnose e magia, as aventuras sempre ao lado do amigo inseparável Lothar, e a interna paixão amorosa pela Princesa Narda.
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Giovanni Seabra – Grão-Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
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