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Bic de Xandão

Manifestação na Paulista não vai inocentar o golpista Bolsonaro

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Fopto Rafa Neddermeyer/ABr

Marcada para este domingo (25), na Avenida Paulista, a manifestação convocada pelo ex-mito Jair Bolsonaro, o Messias ídolo dos cristãos dos bolsos alheios, já tem um destino antecipado: o latão de lixo. Como um litigante de má fé, o encalacrado ex-presidente já recorreu a várias correntes do além, às igrejas pentecostais e presbicherianas, aos generais de pijamas e até aos extraterrestres para derrubar Luiz Inácio da cadeira para a qual ele foi eleito democraticamente. O reprovável, nocivo e estulto movimento não terá qualquer efeito prático. Ou seja, será o nada pelo nada e para o nada.

E não há razão ou hipótese de ser diferente. A soma de Bolsonaro e de seus seguidores é igual a zero. Portanto, é menor do que zero a chance de a manifestação dar certo. Independentemente  do volume de “patriotas” que gritarão palavras de ordem contra o Supremo Tribunal Federal, contra Lula e contra a Polícia Federal, Jair não será inocentado da tentativa de golpe, não voltará ao Palácio do Planalto, dificilmente recuperará os votos perdidos por conta de suas sandices políticas em desfavor do Brasil e dos brasileiros e permanecerá sob a grossa caneta Bic de Alexandre de Moraes, o seu, o meu, o nosso Xandão.

Sem vocação alguma para acompanhar, assistir ou ouvir falar de imbecilidades, estarei em casa pedindo aos deuses da compreensão para que derramem sobre os seguidores do tenente o perfume da paz, da alegria, do amor e, principalmente, do aceite à derrota. Afinal, a menos que dê empate, em uma disputa sempre um perde para o outro ganhar. Bolsonaro perdeu e Lula ganhou. Ponto final. Então, não há que chorar o leite derramado. Aguardem 2026, encontrem um novo duende para idolatrar e disputem a eleição, preferencialmente sem o discurso perrengue, mambembe e idiota da vulnerabilidade das urnas eletrônicas.

Como a recíproca é sempre verdadeira, a variação de sentimentos que juramentadamente professo em relação aos “patriotas” é proporcional a que eles declaram por mim. Faz parte da vida. Estamos quites. A diferença é que jamais pensei em golpeá-los, tampouco em vê-los moribundos ou mortos. Embora alguns não acreditem, no Brasil e no mundo há lugar para todos. Qualquer cidadão tem o direito de viver como deseja. E não interessa a etnia, a raça, a classe social, a opção sexual e o clube para que torce. Todo brasileiro é antropologicamente capacitado para ter uma ideologia para chamar de sua.

É o que prega a democracia, cujo preceito básico é o de permitir que eu – e eles – tenhamos o mesmo peso político e o mesmo direito de cobrar daqueles que elegemos. Antes de pedir vênia aos que lutam diuturnamente pelo Estado Democrático de Direito, gargalho na sombra dos que pensam e agem no sentido oposto e, faço um breve preâmbulo filosófico, para reconhecer o lado bom do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos momentos mais loucos de sua desastrada administração, ele não deixou dúvidas de que a pretensão do clã, do seu staff e dos “emerdalhados” militares que lambiam suas botas era fechar definitivamente o ciclo libertário que vivemos.

Como diz o poeta, democracia pode não ser o melhor caminho, mas, com certeza, é o sistema que nos livra do inferno. É com essa certeza que insisto na afirmação de que a manifestação deste domingo deverá ser algo como uma ópera de surdos-mudos. Curtindo minhas convicções democráticas, seguirei meu coração, cuja ordem é seguir para o bar e assistir um jogo qualquer da Premier League. Aliás, que pena que os “patriotas” tomam mais remédios do que cerveja. Entre bajular quem não serve para coisa alguma, prefiro seguir a recomendação dos sábios: “Sorriso para os dias bons, paciência para os dias ruins e cerveja para todos os dias”. Para ilustrar, sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. Aproveitarei a oportunidade para sugerir ao garçom amigo que, na ausência dos inimigos golpistas”, me traga outra cerveja, por favor!

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