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Buraco negro

Mantra da oposição negacionista é dizer nada sobre o nada

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto Vlter Campanato/ABr

Luiz Inácio não foi o primeiro presidente da República eleito democraticamente a indicar um ministro da Justiça para uma das 11 vagas vitalícias do Supremo Tribunal Federal. Se não é praxe, a indicação também não é absurda. Muito pelo contrário. Quase ninguém ou muito poucos duvidam da capacidade jurídica de quem ocupa a titularidade da pasta. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Jair Bolsonaro certamente pensaram dessa forma quando propuseram os nomes, respectivamente, de Célio Borja e Paulo Brossard, Maurício Correia, Nélson Jobim e André Mendonça.

Apenas com o objetivo de criticar, entre os poucos duvidosos, os patriotas viúvos do bolsonarismo usam o velho e chato argumento da politização da Corte Suprema como mantra para contrariar Lula da Silva. Por que não aludiram ao mesmo mantra quando o terrivelmente evangélico André Mendonça foi nomeado para o STF? Porque não interessava. Pior aconteceu com o ministro Nunes Marques. Nem o papa Francisco é mais servil com Jesus do que ele foi (e é) com o bolsonarismo. O mantra criado pela oposição brincalhona parece com aquela máxima idiota de que, se hay a chancela del Gobierno Lula, soy contra. É o mesmo que dizer: sou contra tudo porque não sei de nada.

A mão amiga de Jair Messias podia tudo, mas, mesmo sem todos os dedos, as mãos certeiras de Luiz Inácio incomodam sobremaneira os paquidermes de plantão. Coisas de quem não sabe e jamais saberá o que diz. Temos de nos acostumar com a utopia do conservadorismo bajulador e desprovido de propostas. Bem como com o derrotismo daqueles que nunca deveria ter ganho nada. O senador Sérgio Moro (-PR) e o ex-deputado Deltan Dallangnol deram nó em pingo d’água para condenar Lula e nenhum bolsonarista veio a público para dizer que eles estavam politizando o Judiciário.

Antes de choramingar como meninos mijado, o clã e seus subservientes seguidores deveriam se preocupar com o país e com o futuro político do grupo de puxa-sacos. Até agora, quase um ano após a reencarnação de Luiz Inácio, a oposição só tem batido cabeça. Como fogem do noticiário honesto e sem cabresto, seus representantes cobram diariamente ações concretas do governo Lula. Se fosse uma cobrança séria, antes de exigir, deveriam tentar resgatar algum feito do antecessor de Lula. Não fazem isso porque, além das tratativas golpistas, nada encontrariam de útil para o país.

Embora não apresentem razões, votam contra qualquer proposta petista para não desagradar o mito do fim do mundo. Se querem julgar o governo para o qual perderam, que apresentem à sociedade algum projeto apresentado ou aprovado pelo Congresso nesses quase 12 meses de mandato parlamentar. Eleitos deputados e senadores no atacadão proporcionado pela ex(celência) Jair Messias, vivem de atacar sistematicamente adversários por meio das redes sociais. O medo de mostrar a cara individualmente é histórico. Só aparecem em bandos, sob escolta militar ou sobre canhões e urutus enfumaçados, até bem pouco tempo símbolos dos extremistas sem rumo e sem nexo.

Entre os zumbis do Senado, além do clã Bolsonaro, destacam-se Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Damares Alves (PL-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Sérgio Moro (União Brasil-PR), Rogério Marinho (PL-RN), Marcos Pontes (PL-SP), Carlos Portinho (PL-RJ), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (PL-RO), entre outros. Sozinhos, são capazes até de rezar uma novena em memória de Mariele. Embora tenham feito da Comissão de Segurança Pública da Câmara uma espécie de bunker, a ruma de bolsonaristas continua perdida e enclausurada nos corredores e gabinetes do Congresso. Se são tão bons, reitero o pedido para que as santidades do pau oco brindem o povo enumerando as propostas de interesse público que aprovaram desde janeiro. Que eu saiba, nenhuma. São apenas gritos. É a oposição do buraco negro, aquela que tenta engolir tudo e todos que se aproximam delas.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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