Chama
Marés do Silêncio
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Desperto com tua ausência bordando minhas manhãs,
como bruma que se dissolve sem jamais partir.
Pensamentos se entrelaçam em espirais de desejo,
e tua lembrança se deita entre meus lençóis,
como quem conhece cada curva do meu querer.
Meu corpo, em espera silenciosa,
é território onde tua presença ainda pulsa.
Batimentos descompassados,
como sinfonia que perdeu o maestro,
marcam o ritmo de uma saudade que arde.
Tenho sede do teu toque,
da tua pele que acende constelações em mim,
do calor que tua presença derrama
como sol sobre campos em flor.
Vivo à deriva em águas inquietas,
onde tua ausência é correnteza,
e tuas mãos mesmo invisíveis
navegam por mim como peixes secretos,
desenhando caminhos que só o amor conhece.
Meu corpo é chama que não se apaga,
tremor que não se explica,
febre que não se cura.
Tudo por esse amor que me atravessa
como raio em noite sem lua.
Sucumbo ao desejo de tua boca,
à ousadia que mora na minha,
sem véus, sem pudores,
apenas o silêncio que grita
o desejo do meu desejo.