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Seita terrorista

Melhor notícia do Natal é que o próximo será sem Bolsonaro

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Mathuzalém Júnior* - Foto Marcello Casal Jr

Uma das datas mais festivas do ano, o Natal simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Esta celebração acontece há mais de 1,6 mil anos, no dia 25 de dezembro, e representa o encontro e reencontro de almas, reunião de famílias e amigos, troca de presentes e, principalmente, a oportunidade de agradecermos pela vida, pelos familiares, pela saúde, pelo trabalho e, este ano, pelo novo governo. Via de regra, os natais sempre foram iguais. Podem ter sido a até agora. O de 2022 certamente foi diferente. Quem viveu dirá. Inicialmente, após dois e meio de pandemia, foi a primeira festa aberta indistinta e irrestritamente para todos os clãs. Também marcou a comemoração de uma nova data que será eternizada por todos os brasileiros que não estão marcando ponto em frente aos quartéis brasileiros.

Refiro-me ao fim melancólico, mas festejado, do governo mais despreparado, desconexo e perverso da história política do país. Embora tenha se achado grande demais para o Brasil, o presidente em fim de mandato é tão pequeno – prefiro este adjetivo àqueles outros mais medíocres – que “morrerá” abraçado aos terrivelmente patriotas que integram a seita que ele (o mandatário derrotado) criou, estimulou e financia. Eles se merecem, pois, apesar de rotular o presidente eleito e seus seguidores de “comunistas”, são exatamente eles que pensam o Natal como um ato de subversão. Digo isso porque os conheço como membros do grupo que quer tudo para si. Dividir só demagogicamente. Se dizem cristãos, mas fogem da periferia e têm medo de pobres, aos quais presenteiam de longe, de muito longe, preferencialmente pelos Correios.

Para mim e para pelos dois terços de brasileiros, incluindo os que elegeram Luiz Inácio em outubro, o Natal de 2022 foi de reflexão. Nunca tive dúvidas a respeito da catástrofe que seria um segundo mandato de Jair Messias, cujo legado estava desenhado: o retorno de atentados terroristas. O despreparo de Bolsonaro para a coisa pública jamais foi novidade. Deputado federal de sete mandatos consecutivos, jamais aprovou um projeto de relevância para sua rua ou para a comunidade em que reside. Imaginem para o país. Como ele frequentava o baixo clero do Congresso, isto é, a turma que fala pouco e aparece menos ainda, o Brasil não o conhecia. Alguns sabiam apenas do tamanho de sua língua ferina. Por isso, meu temor e da maioria dos brasileiros com sua vocação sandinista de direita e a propalada desnecessidade de consultas regulares com psiquiatras especializados em condutas pervertidas e distúrbios psicológicos.

Confesso que tinha medo de que, reeleito, Bolsonaro propusesse aos generais mais próximos de suas estultices a utilização de nosso invejado arsenal de guerra, inclusive as ogivas nucleares escondidas nas profundezas do Lago Paranoá, para invadir o Paraguai, a Bolívia, a Venezuela e até a tricampeão Argentina. Provavelmente o Peru seria poupado. E sabem por quê? Porque a recente prisão do ex-presidente peruano, Pedro Castillo, deixou Jair Messias ainda mais angustiado sobre o que lhe espera. E não seria diferente mesmo com mais quatro anos de mandato. Um dia ele teria de deixar a Presidência. Sorte a nossa que esse dia chegou bem antes do previsto pelos bolsonaristas que defendem o terror como forma de governo.

Tive certeza da provável e abortada futura catástrofe depois dos inusitados atos terroristas domésticos da semana passada, incluindo a prisão em Brasília de um bandido travestido de patriota que pretendia explodir bombas para impedir a posse de Lula. A intenção talvez fosse repetir o fracassado atentado do Riocentro, em 30 de abril de 1981, quando os golpistas de então tentaram detonar bombas e matar centenas de pessoas que participavam das comemorações do Dia do Trabalho. Como o tiro saiu pela culatra, as bombas explodiram prematuramente, matando um sargento e ferindo gravemente um capitão, ambos do Exército. Naquela época, o povo saiu às ruas e o governo do general Figueiredo se viu obrigado a referendar a abertura política desenhada pelo também general Geisel. Agora, o povo novamente teve a coragem de ir para as ruas, rejeitar Bolsonaro, eleger Lula e, mais vez, varrer para o além qualquer nova aventura ditatorial. A seita bolsonarista achará seu lugar e este lugar definitivamente não é o Brasil. Quem viver o próximo Natal verá.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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