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Carta a Papai Noel

Melhor presente de Natal a brasileiros seria livrar país dos tiranos

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Autor/Imagem:
Misael Igreja - Foto Editoria de Imagens/IA

A cartinha que enviei nesta terça (9) a Papai Noel tem exatamente uma lauda antiga de jornal, isto é, 30 linhas. São cerca de 2.100 toques, também conhecidos por caracteres. Sou antigo, mas ainda acredito no lendário simbolismo de Santa Claus. Não pedi nada pessoal ao bom velhinho, mas, aproveitando o Natal, período de paz e solidariedade entre os povos, achei que era hora de reivindicar um Brasil melhor para todos os verdadeiros patriotas.

Meu pedido é abrangente. Entretanto, na convergência, ele tem o mesmo objetivo. Como todo bom brasileiro, vou colocar minha botina na janela e rezar para ser atendido. Não quero nada por agora. Tudo que pedi é para 2026, mais precisamente para outubro do ano que vem. Além da perenidade democrática, torço para que sejam eleitos deputados e senadores menos bandidos e mais preocupados com as mazelas da população e, principalmente, para que o próximo governante nos faça esquecer definitivamente daqueles que um dia tentaram nos forçar a tirania.

Meu caro Papai Noel, se tiver tempo, cobre dos ministros dos tribunais superiores menos vaidade, mais respeito à liturgia do cargo e votos capazes de atender exclusivamente aos anseios da sociedade e não de grupos que eventualmente lhes tragam benefícios informais, pessoais, festivos ou financeiros. Por fim, Santa Claus, é de bom alvitre o senhor ter um embargo auricular espiritual com cada um dos cerca de 160 milhões de eleitores. Diga a eles que o voto mais importante é o voto consciente, pois ele reflete sua liberdade de pensar.

Nesse apelo natalino, sugiro, caso haja necessidade, que o eleitorado nacional, inclusive o missivista, seja informado que a mudança política só ocorrerá se nós tivermos consciência de que nosso voto faz a diferença, que ele é a principal arma para elegermos políticos honestos. Na prática, o clique final na urna eletrônica significará a sentença para um político corrupto. Seu lembrete deve ser estendido aos homens públicos dos Três Poderes.

Papai Noel, apenas para tergiversar, penso que passou o tempo da politicagem interesseira e de decisões judiciais personalizadas. Hoje, o compromisso de quem se elegeu presidente da República, governador, senador, deputado federal, estadual e distrital é com o combate ao crime organizado, infelizmente instalado e enraizado em todos os setores da vida pública. Dois fatos recentíssimos motivaram meus apelos a Santa Claus. O principal deles foi o corporativismo da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Por maioria absoluta de votos, os deputados locais revogaram a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar, suspeito de ter vazado informações sigilosas de uma operação contra a facção Comando Vermelho para proteger o então deputado TH Jóias, preso por sua ligação com o CV. É o banditismo votando a favor da bandidagem. A frustrada PEC da Blindagem teria o mesmo objetivo alcançado pelo PL Antifacção, relatado pelo Capitão Derrite, a pedido pessoal do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Tudo em nome do liberou geral.

Também me causou estranheza o fato de o ministro Dias Toffoli ter levado para seu gabinete um inquérito de fraudes de R$ 12 bilhões do Banco Master. Seria normal, não fosse a anormalidade da participação do ministro em um evento jurídico patrocinado pelo banco em Londres e da viagem em jato privado à Lima, onde o magistrado assistiu à final da Libertadores ao lado de um advogado do Master. É aquela velha história de que, ao contrário dos juízes que se acham deuses, os ministros do STF têm certeza de que são. Papai Noel, pelo amor de todos os santos, diga a esse tipo de Deus que, deuses ou não, nós, os mantenedores das divindades ocultas, merecemos respeito. Santa Claus, nos livre desses moços que querem tomar conta do Brasil.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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