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Saltimbancos

Meu quintal

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Autor/Imagem:
Edna Domenica - Foto Francisco Filipino

Meu quintal tem um coqueiro anão que dá saudade e canção.

Nele revejo o Farol da Barra, Caetano jovem e Moreno Veloso ainda menino. Caymmi pisa a grama, tocando nota por nota do chão feito violão.

No meu quintal, tem avelã em novembro e um pé de panetone que floresce em dezembro. Neles colho saudades e me alimento do carinho materno e paterno.

No meu quintal tem flores, cores, sabores, cantores e lembranças solares.

No meu quintal, tem “um comboio de cordas que se chama coração”.

Tem “um porquinho da Índia” …

Tem todos os livro do Jorge Amado.

No meu quintal, tem muros altos como burgos que fazem caretas para fascistas.

Muros que acenam às andarilhas de luto à procura da irmandade livre de amarras servis.

No meu quintal, as bananas nascem tortas (por óbvio!).

E, ao fitá-las, reconheço minha natureza inconformada.

O meu quintal é brisa perfumada e indelével… Oásis de acolhimento e labor …

Ocupação de saltimbancos.

………………………

Edna Domenica é autora de poemas, contos e crônicas. Organizadora das coletâneas: Tudo poderia ser diferente, inclusive o título (Amazon, 2021), Do Corpo ao Corpus (Gráfica Rocha, 2021), Relógio de Memórias ( Postmix, 2017). Sente-se grata à equipe do Café Literário por poder ocupar o espaço de escrita autoral e leitura de autores coetâneos (de alguma forma “saltimbancos”…).

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