Milagre do Santo na 6ª feira 13 é de xô azar e venha a prosperidade

Preparem-se porque hoje é sexta-feira 13! Tradicionalmente vista como um dia de azar, cercado por superstições e receios, a sexta-feira 13 é sempre motivos para temores e preocupações. No entanto, sob a ótica esotérica e espiritual, essa data carrega significados profundos, transformadores e até promissores, muitas vezes deturpados ao longo dos séculos.

Na numerologia, o número 13 representa transformação e renovação. É a união entre o número 1 (princípio, criação) e o 3 (manifestação, expressão), o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O 13, quando numerologicamente reduzido (1+3), temos o número 4, que simboliza estrutura, estabilidade, solidez. Para além dos mitos populares, o número 13 combinado com a sexta-feira simboliza sabedoria oculta, renascimento e poder espiritual. E, de vez em quando, amor.

No Tarô, a carta XIII é o Arcano da Morte, mas não a morte literal. Representa o término de um ciclo para o surgimento de outro mais elevado. Pois, o verdadeiro conhecimento espiritual exige a morte do ego inferior, ideia fortemente conectada ao simbolismo do 13. Ademais, a sexta-feira é regida por Vênus, a deusa do amor e da beleza, é o dia consagrado ao feminino, à sensualidade, ao amor e à fertilidade.

Portanto, relaxem! O 13 de junho é dia de Santo Antônio, o santo do perdão, da transmutação e do amor. Santo Antônio de Pádua, é uma das figuras mais veneradas do catolicismo popular, sendo objeto de intensas manifestações místicas, esotéricas e religiosas. Nascido em Lisboa em 1195, Fernando de Bulhões, o Santo Antônio, ingressou na Ordem dos Franciscanos, destacando-se por sua pregação e profundo conhecimento teológico. Canonizado em tempo recorde, alguns meses após sua morte em 1231, sua fama se espalhou pelo mundo cristão, especialmente entre os devotos latino-americanos e europeus.

A mística em torno de Santo Antônio transcende a tradição católica institucional, penetrando no imaginário popular por meio de milagres a ele atribuídos. Dentre os mais conhecidos, destaca-se o milagre de ter aparecido simultaneamente em dois lugares diferentes para cumprir missões de fé. Outro milagre, amplamente difundido, é o da mula que se ajoelhou diante do Santo durante a Eucaristia. Porém, se o asno recebeu a hóstia consagrada, não se sabe ao certo.

As festas em homenagem ao Santo misturam religiosidade e cultura popular. São inúmeras as cidades brasileiras onde ocorrem procissões, missas campais e queima de fogueiras, além de danças, como a quadrilha e o forró. A tradição do levantamento do mastro de Santo Antônio, comum no interior nordestino, é carregada de simbolismo agrícola e espiritual, pedindo fartura nas colheitas e bênçãos divinas. Mas antes de ser erguida sob delírios, a tora de madeira é carregada pelas ruas e logradouros, sempre acompanhada de uma multidão rezando e cantando. No movimento do monumento, as mulheres tocam o pau do Santo para obterem a graça do matrimônio. Ou namoro, que seja.

As promessas feitas a Santo Antônio são numerosas e variam conforme a cultura local. É comum a oferta de pães bentos distribuídos nas igrejas, os chamados “pãezinhos de Santo Antônio”, que simbolizam prosperidade e fartura. A crença diz que guardar esse pão garante alimento o ano todo. Mas, do jeito que as coisas andam, melhor é comer o pão antes e rezar depois.

Como fé e dinheiro nem sempre caminham juntos, vale aqui registrar o caso de Caridade, pequeno município situado no Sertão do Ceará, cujo padroeiro é Santo Antônio. Nos arredores da cidade, o corpo gigantesco de Santo Antônio foi posto de pé, no alto da colina, onde seria visto por todos, dentro e fora da cidade. Mas, pasmem!, faltou dinheiro para botar a cabeça no corpo de Santo Antônio. Desde 1986, quando as obras foram paralisadas, as romarias têm endereço certo: a cabeça do Santo abandonada ao lado do muro da casa 25, da Rua 102, do Bairro Conjunto Habitacional. Como a cabeça do Santo Antônio é oca, atende tanto aos romeiros, como os jovens casais apaixonados nos encontros furtivos.

A influência esotérica é também manifestada nas simpatias e práticas populares realizadas, principalmente, no mês de junho, especialmente no dia 13, data comemorativa de Santo Antônio. Um dos ritos mais tradicionais no sertão nordestino é botar o Santo de cabeça para baixo, até que o pedido de casamento seja atendido. Também deixam o Santo de castigo, virado para a parede. As mulheres também mergulham o Santo no pote de barro, deixando-o em “banho-maria”, de modo a garantir o milagre pretendido. No período junino, nos sítios do interior, as mocinhas enterram facas nos troncos das bananeiras, junto com um bilhetinho para o futuro amor.

Essa relação mística é reforçada pelo fato de Santo Antônio ser considerado o “santo casamenteiro”, protetor dos apaixonados e invocado em promessas para conseguir namorado ou casamento. Além disso, sua imagem é vista como intermediário entre o mundo espiritual e material, função reconhecida por correntes esotéricas como o esoterismo cristão e a teosofia. Nessa perspectiva, Santo Antônio não é apenas um “corta-jaca” de casamentos, mas um mestre espiritual que auxilia nas transmutações da alma.

Portanto, a devoção a Santo Antônio transcende os limites da religiosidade tradicional, incorporando elementos esotéricos, mágicos e culturais, reafirmando seu papel como símbolo da fé popular e mística. Seus milagres, simpatias e promessas refletem uma espiritualidade viva, plural e profundamente enraizada no sagrado cotidiano.

Ave Santo Antônio!

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Hussein Sabra el-Awar
Membro Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
@colegiodosmagosesacerdotisas

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