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Zapeando

Minha tela, minhas regras, meu poder e minha paz

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Autor/Imagem:
@donairene13 - Foto Produção Editoria de Artes/IA

Vou lhes contar um segredo: eu tenho um super poder. Um dom raro, que exige treino, concentração e um certo nível de desapego emocional. Um talento nato que me acompanha há anos e que, apesar de me salvar em algumas situações, já me colocou em algumas outras, digamos… embaraçosas.

Não estou falando de voar, nem de ficar invisível (apesar de que esse último seria útil às vezes, né?). Também não é super força, leitura de mentes ou teletransporte. O meu super poder é bem mais sutil. Quase imperceptível. Mas extremamente eficaz.

Eu tenho o super poder de… ignorar notificações. Principalmente as do WhatsApp.

Não é que eu não goste de conversar. Pelo contrário, sou uma pessoa simpática, acessível, falo pelos cotovelos quando quero. Mas parece que o WhatsApp virou uma espécie de chefe full time: todo mundo ouve, corre, responde, se justifica, manda áudio, gif, figurinha, pergunta se você morreu. Eu? Eu vejo a notificação e penso: “Depois eu vejo isso.”

Aí o “depois” vira “mais tarde”, que vira “amanhã”, que vira “meu Deus, faz duas semanas que a fulana me perguntou se eu topava aquele almoço”. E o pior: quando finalmente respondo, não raro começo com aquele clássico “Nossa! Só vi agora!”.
mentira. Eu vi. Eu só não cliquei. E aí passou.

E tem mais: eu não tenho o hábito de rolar as conversas pra baixo. Eu vejo, no máximo, as últimas quatro ou cinco. Isso significa que, se você me mandou mensagem numa terça-feira às 14h37 e depois não mandou mais nada, sinto muito, mas você foi tragado pelo limbo do WhatsApp. Um lugar sombrio onde vivem mensagens não lidas, convites ignorados, cobranças emocionais e talvez até uns boletos vencidos.

O mais curioso é que esse meu super poder me dá uma paz. Me liberta da obrigação de estar sempre disponível, de ter que responder imediatamente, de participar de mil grupos, comentar mil assuntos, rir de todos os memes. Mas, por outro lado, às vezes me transforma numa pessoa antipática, esquecida, desligada. Já perdi informações importantes, já deixei de dar parabéns, já causei pequenos conflitos do tipo “você sumiu”; quando, na verdade, eu tava ali o tempo todo… só ignorando educadamente.

Enfim, talvez a gente precise repensar essa ideia de que todo mundo tem que estar online o tempo todo, disponível a qualquer hora. Ou talvez eu só precise rolar a tela de vez em quando. Um passinho de cada vez.

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