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Mar de propina

Ministro vê fortes ‘indícios de relação ilícita’ de Aécio com a J&F

Publicado

Autor/Imagem:
Julia Affonso e Teo Cury

Ao autorizar buscas em endereços do senador Aécio Neves (PSDB-MG), sua irmã Andréa Neves e também contra o deputado Paulinho da Força (SD-SP), o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, apontou ‘indícios de relação ilícita’ do tucano com executivos do Grupo J&F, entre 2014 e 2017. A Polícia Federal foi às ruas nesta terça, 11, para cumprir 24 mandados de busca e apreensão na Operação Ross, que mira propina de R$ 110 milhões supostamente paga pela J&F.

“O quadro revelado pela autoridade policial, na medida em que ratificado, em parte, pelo Órgão acusador, demonstra a existência de indícios de relação ilícita entre o investigado Aécio Neves da Cunha e executivos do Grupo J&F, entre os anos de 2014 a 2017, caracterizada pelo alegado recebimento de quantias em dinheiro, pelo senador ou em seu favor, mediante mecanismos característicos de lavagem de capitais, via empresas e pessoas identificadas na investigação em curso”, anotou o ministro.

“Há mais: ficaram demonstrados indicativos da atuação do parlamentar, nessa qualidade, como contrapartida aos benefícios financeiros.”

Também são alvo da investigação os deputados Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Benito Gama (PTB-BA) e os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG).

A Operação Ross mira os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Na decisão, Marco Aurélio determinou que a Polícia Federal cumprisse as ordens judiciais ‘simultaneamente e com máxima discrição’. As medidas estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos Estados de Minas, São Paulo, Rio, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá.

“Autorizo o acesso, pela autoridade policial e pelo Ministério Público Federal, aos documentos e dados armazenados em computadores e equipamentos eletrônicos apreendidos”, determinou o ministro.

A operação vasculhou os endereços atrás de ‘documentos referentes a fatos, registros e livros contábeis formais ou informais, recibos, anotações, apontamentos, agendas, ordens de pagamento, contratos, documentos alusivos à manutenção e movimentação de contas bancárias no Brasil e no exterior, em nome próprio ou de terceiros’. A PF também foi autorizada a coletar ‘arquivos eletrônicos de qualquer espécie, bem assim as respectivas bases físicas, tais como mídias eletrônicas, HD’s, laptops, notebooks, pendrives, CD’s, DVD’s, smartphones, telefones móveis, agendas eletrônicas, havendo suspeita de conterem material relevante’.

Ross faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo localizada na Antártida fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação.

Leia a seguir as manifestações da defesa de três dos implicados:

Aécio Neves – O Senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados.

O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na justiça eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração. A correta e isenta investigação vai apontar a verdade é a legalidade das doações feitas.

Paulinho da Força – A delação da JBS foi desmoralizada publicamente e a fraude realizada pelos delatores foi comprovada com a prisão dos dois empresários pelo Superior Tribunal Federal (STF). A acusação absurda de compra de apoio do partido Solidariedade para a candidatura à Presidência de Aécio Neves, em 2014, beira o ridículo.

Desde a sua criação, em 2013, o Solidariedade já apoiava o candidato Aécio Neves por acreditar em seus projetos para o país. De qualquer forma, o deputado federal Paulinho da Força se colocou à disposição da justiça para prestar quaisquer esclarecimentos, desde que lhe seja facultado acesso ao processo previamente.

José Agripino – O senador José Agripino não foi alvo de busca e apreensão em nenhum dos seus endereços. Enquanto presidente nacional do Democratas, buscou, seguindo a legislação eleitoral vigente, doações para o partido.

Doações que, solicitadas a diversas empresas, foram voluntariamente feitas sem que o ato de doação gerasse qualquer tipo de compromisso entre o doador e o partido ou qualquer dos seus integrantes. O senador permanece à disposição da Justiça para os esclarecimentos que se fizerem necessários.

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