Acabou chorare
MISTÉRIO DO PLANETA
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Domingão: macarronada pra lembrar a “mama”, vinho tinto colonial, um fino em cima da mesa e ideias pulando no sótão feito macaquinhos doidos querendo sair dali. Busco no youTube o disco ACABOU CHORARE, dos Novos Baianos (1972). Está tudo lá.
E penso ….
NASCER
A discussão da influência do ser cultural no biológico é mesmo complexa.
“Besta é tu / Besta é tu / Besta é tu / Por que não viver?/ Não viver este mundo / Se não há outro mundo!”
Em comparação com outros animais, nascemos muito desprotegidos, sem pelos, cascos ou rabos, demoramos demais para aprender a nos locomover e alimentar sozinhos, estamos à mercê da vontade e disponibilidades alheias; e sofremos até pegar o rumo da sobrevivência.
E seguimos perambulando pela vida.
Resumindo o devaneio: tão logo a natureza nos surpreende, a cultura precisa nos socorrer. Se algum deus (Deus?) aí de plantão fez o homem à sua imagem esemelhança, então foi num dia em que estava com alguma raiva de si mesmo. Putz!
MORRER
Mês de novembro. Algumas mortes têm me machucado cara a cara.
Porém, a morte não dá lições. É a única coisa que é, que apenas é, e ponto.
Não cabem adjetivos nem metáforas e lances capazes de amenizar a dor. Eufemismos banais. Ela não tem lógica humana, não tem (e nem precisa) de explicações ou desculpa. A morte não depende do observador. A vida ao nascer sim.
A morte não é nem o apagar nem as trevas – que são ações ou entidades humanas… demasiadamente humanas.
Talvez a morte seja mesmo a única coisa imortal.
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Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor/pesquisador e decididamente mortal. Vive (ainda) na Guarda do Embaú, litoral Sul de SC.