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Nas mãos do Pai

‘Moeda de troca’ da candidatura é anistia irrestrita, diz Flávio

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Autor/Imagem:
Marta Nobre - Foto Reprodução das Redes Sociais

A menos de um ano das eleições presidenciais, o cenário político ganhou novo ingrediente com a declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que voltou a colocar em dúvida sua permanência na disputa pelo Palácio do Planalto. Depois de afirmar, em tom polêmico, que sua desistência teria “um preço”, o parlamentar esclareceu, em resposta a Notibras, que não se tratava de barganha pessoal nem de cálculo eleitoral.

Segundo ele, o único preço admissível é “o da justiça” — expressão que adotou para defender o que chama de reparação às “famílias destruídas por narrativas falsas” e aos presos por um “golpe que jamais existiu”, em referência aos investigados pelos atos de 8 de janeiro.

Moeda é a anistia
Flávio avançou ainda mais na explicação. Ao falar em preço para retirar seu nome da corrida presidencial, garante que se referia exclusivamente a uma anistia geral, total e irrestrita, que, segundo ele, alcançaria “quase 60 milhões de brasileiros criminalizados simplesmente por acreditar em um projeto de país”.

A retórica amplia a dimensão política do gesto: o senador vincula seu futuro eleitoral não ao desempenho nas pesquisas, mas a uma mudança institucional de larga escala. Justamente o tema que mobiliza a base bolsonarista e divide o Congresso.

Política e fé
Religioso, Flávio Bolsonaro adotou um tom mais espiritual para falar de sua decisão final. Disse que, no momento atual, somente abre mão da pré-candidatura para o “Pai” — referência, supõe-se, não ao ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível, mas a Deus.

“É Ele quem decide meu caminho como político e cidadão”, declarou, num movimento que combina cálculo eleitoral, apelo religioso e reforço simbólico a uma das marcas do bolsonarismo.

A fala do senador ocorre apenas 72 horas após o anúncio de sua pré-candidatura, decisão que por si só já havia provocado reações intensas na cena política. Agora, ao relativizar sua permanência na disputa e condicionar a desistência a um gesto amplo do Estado, Flávio recoloca o debate sobre anistia no centro da pauta e testa a temperatura tanto da base quanto da oposição.

Se permanecer na corrida, será a primeira vez que um dos filhos de Jair Bolsonaro encabeça uma disputa presidencial. Se recuar, sai de cena deixando um recado claro: sua presença ou ausência não virá sem custo político — e, sobretudo, simbólico — para o país.

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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras

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