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Monge budista incita violência e prega guerra santa a muçulmanos

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Um monge budista é apontado por ativistas de direitos humanos como um dos principais responsáveis pelo aumento da violência sectária e pelo êxodo de membros da etnia rohingya de Mianmar nos últimos dois anos.

Apelidado de “Bin Laden birmanês”, Ashin Wirathu, 46, líder do grupo nacionalista budista 969, faz sermões e posts inflamados, que são distribuídos pelas redes sociais.

Neles, dissemina boatos e defende o boicote a negócios mantidos por muçulmanos –a quem ele chama de “cobras”, “cachorros loucos” ou pelo termo depreciativo “kalar” (pretos).

Muçulmanos, os rohingyas são cerca de 2% de uma população em que 9 em cada dez habitantes são budistas –é difícil saber exatamente quantos são, já que foram excluídos do último censo, em 2014.

“Os muçulmanos querem destruir nosso país, nosso povo e a religião budista”, afirmou Wirathu em um discurso.

Em encontro recente com jornalistas internacionais em Yangon, ele disse: “Já li o Corão. Honestamente, não achei lá nada de que eu tenha gostado”.

“Apesar de serem uma minoria, nossa raça tem sofrido sob seu jugo”, afirmou o monge em entrevista de 2013, disponível no YouTube. “A maioria budista não os corrompeu nem abusou deles. Mas temos sofrido com este fardo.”

“Por isso é que, se houver tantos muçulmanos quanto há budistas, Mianmar não terá paz”, finalizou.

Wirathu chegou a ficar preso por oito anos, condenado por incitação à violência, mas foi solto em 2011 após uma anistia geral no país.

Em julho do ano passado, o monge postou no Facebook que dois irmãos muçulmanos haviam estuprado uma budista em Mandalay, a segunda maior cidade do país e origem de Wirathu.

Em seguida, uma gangue budista promoveu ataques aos bairros islâmicos, e dois muçulmanos foram mortos. A polícia nunca interveio. Mais tarde, a moça confessou ter inventado a história.

“Desde outubro de 2012, quase todo incidente de violência sectária tem sido precedido por uma pregação do 969 –e normalmente do próprio Wirathu”, afirmou um relatório do grupo de direitos humanos americano Justice Trust.

“Wirathu tem um papel central com seu discurso de ódio e a islamofobia que ele gera, dado que os rohingyas são cercados por uma comunidade hostil que pode ser incitada à violência muito rapidamente”, disse ao jornal “Los Angeles Times” Penny Green, da Queen Mary University of London, autor de um relatório sobre Miamar.

“Por que essas pessoas estão fugindo em botes? Por que elas se arriscam à morte em alto-mar? Porque a existência que têm e a falta de futuro são piores”, acrescentou.

Grupos alertam que a perseguição sistemática sofrida pelos rohingyas em Mianmar se assemelha à situação que antecedeu os genocídios de Ruanda e de Srebrenica (Bósnia-Herzegovina).

Como não são uma etnia reconhecida pelo governo de Mianmar e são apátridas, eles não podem trabalhar, não têm acesso a educação, liberdade de movimento e direito a voto.

Em alguns Estados, eles precisam de autorização especial para casar, só podem ter no máximo dois filhos e vivem em guetos desprovidos de qualquer infraestrutura.

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