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Moradores estão apreensivos com ocupação no Complexo da Maré

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Os dias que antecedem a grande operação de ocupação, pelo Exército, do Complexo da Maré, são de apreensão entre os cerca de 120 mil moradores do conjunto de favelas, na zona norte do Rio de Janeiro, entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha. No interior da comunidade Nova Holanda, a qual se tem acesso pelo portão de trás do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o sentimento geral é de tensão entre os moradores. A região será ocupada, nos próximos dias, por cerca de 4 mil homens do Exército, e futuramente receberá mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Quem aceita conversar com a imprensa, fala baixo, poupando as palavras e nunca se identifica. Alguns sequer respondem à tentativa de conversa, pois em uma comunidade onde o tráfico sempre ditou as regras, falar com estranhos, incluindo jornalistas, pode ser mal interpretado.

Uma moradora que estava na calçada limitou-se a dizer: “Eu não tenho nada a ver com ninguém, mas só assim os bagunceiros vão embora”. Um senhor ao lado dela comentou: “Eu não sei de nada. Nem ao Exército eu servi. Levo minha vida sem me meter com os outros”.

Mais para dentro da favela, em uma rua larga e movimentada, com um comércio intenso, duas viaturas do 22º BPM estavam estacionadas e os policiais faziam rondas em grupos. Já nos becos estreitos, o trabalho era delegado aos homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que faziam operações de varredura no interior da comunidade. Duplas de policiais, com as tradicionais roupas pretas, vigiavam as esquinas, protegidos atrás de postes. O nervosismo da ação era evidente em alguns policiais do Bope, que falavam rispidamente com a imprensa e insistiam em não serem fotografados.

Alguns moradores, falando reservadamente, comentavam a ação do Bope: “É sempre assim, eles já vêm no esculacho”, dizia um jovem, em referência à postura violenta de alguns policiais da unidade com a população local.

Uma comerciante aceitou falar mais demoradamente com a reportagem. Segundo ela, que é evangélica, foi o poder da oração que retirou os traficantes de frente de seu comércio. “Era muita arma, dinheiro e papelotes. Na cara de todo mundo, inclusive das crianças”, disse ela.

As operações dos policiais do 22º BPM no dia de hoje resultaram, até o final da tarde, na apreensão de três pistolas, quatro granadas e cerca de 20 quilos de maconha, de acordo com o comandante da unidade, coronel Walter Silva Júnior.

Enquanto os policiais militares realizavam ações no interior da comunidade, os primeiros homens do Exército desembarcavam na área. Um caminhão de militares do Batalhão-Escola de Comunicação esteve por volta das 16h de hoje (25) no 22º BPM, que serve de ponto de apoio para as operações. De acordo com o coronel Silva Júnior, os militares foram apenas com a missão de conseguir mapas da região.

 

 

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