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Gabinete do ódio

Moraes vê grupo do crime em sala do Planalto

Publicado

Autor/Imagem:
Mário Camargo

Há um grupo criminoso atuando no Palácio do Planalto, dentro do que se convencionou chamar de Gabinete do Ódio. A conclusão é do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para justificar a operação deflagrada pela Polícia Federal contra políticos, empresários e blogueiros por disseminarem notícias falsas, numa tentativa de atingir o Congresso, o STF e outros setores da sociedade civil.

Na avaliação do ministro, as provas apontam para essa “real possibilidade” (de associação criminosa). A operação cumpriu 29 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos estão aliados do presidente Jair Bolsonaro, como o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o dono da Havan, Luciano Hang e ao menos oito deputados federais, todos ligados ao presidente da República.

“As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”, escreveu o ministro em seu despacho.

Segundo Alexandre de Moraes, a atuação dos integrantes do gabinete do ódio, que “atinge um público diário de milhões de pessoas”, é um risco para a independência dos poderes e para o Estado de Direito. “Como se vê de tudo até então apresentado, recaem sobre os indivíduos aqui identificados sérias suspeitas de que integrariam esse complexo esquema de disseminação de notícias falsas por intermédio de publicações em redes sociais, atingindo um público diário de milhões de pessoas, expondo a perigo de lesão, com suas notícias ofensivas e fraudulentas, a independência dos poderes e o Estado de Direito”, sublinhou o ministro.

Alexandre de Moraes relatou ainda que recebeu informações de que “essa estrutura, aparentemente, está sendo financiada por um grupo de empresários que, conforme os indícios constantes dos autos, atuaria de maneira velada fornecendo recursos (das mais variadas formas), para os integrantes dessa organização”. As investigações demonstraram que “as postagens são inúmeras e reiteradas quase que diariamente” e que “há ainda indícios que essas postagens sejam disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores.”

Os perfis investigados usavam hashtags criadas por seguidores como #STFVergonhaNacional, #ImpeachmentGilmarMendes, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, e outros, especialmente no período entre 7 e 19 de novembro de 2019.

Os empresários investigados surgem nas investigações como responsáveis pelo financiamento “de inúmeras publicações e vídeos com conteúdo difamante e ofensivo ao STF; bem como mensagens defendendo a subversão da ordem e incentivando a quebra da normalidade institucional e democrática”, diz a decisão de Moraes. São parte, segundo o ministro, de grupo autodenominado de “Brasil 200 Empresarial”, em que os participantes “colaboram entre si para impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”.

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