Caindo a máscara
Moro, moribundo político, mal malabarista da política
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Sempre desconfiei das intenções de Sérgio Moro. Mesmo quando ele ainda era juiz e tinha a aura de “paladino da moralidade” aos olhos de grande parte da população, para mim havia algo além do discurso anticorrupção. Eu via nas suas decisões, na forma como conduzia processos e se posicionava diante da mídia, um claro projeto político sendo construído. Ele não me enganou. O tempo mostrou que não era paranoia, nem ceticismo exagerado: os fatos acabaram confirmando essa percepção.
Nada como o tempo para colocar tudo em perspectiva. As engrenagens da vaidade e da ambição política de Moro ficaram cada vez mais expostas. Da toga ao ministério, das decisões questionáveis ao jogo eleitoral, sua trajetória mostrou que a bandeira da honestidade que empunhava era, no fundo, uma plataforma para seus próprios interesses.
E agora, nesta semana, caiu a última máscara. Sérgio Moro, já na condição de senador, foi um dos que votaram a favor da flexibilização da Lei da Ficha Limpa. A proposta prevê reduzir a inelegibilidade para apenas três ou quatro anos, dependendo do crime. É como se rasgassem o que antes era símbolo de avanço na democracia brasileira. É vergonhoso.
Eu, que sempre vi as contradições desse personagem político, não me surpreendo. Mas confesso que ainda me indigna. Porque quem já posou de herói contra a corrupção hoje se alinha a retrocessos que só favorecem a velha política que dizia combater. O tempo, mais uma vez, mostrou a razão: Sérgio Moro nunca foi o que muitos acreditaram.