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Sem DNA

Motoboy, com dois pais, leva a mãe na garupa

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Autor/Imagem:
Pretta Abreu - Foto de Arquivo

Entra ano, sai ano, ntra campanha, sai campanha, e muitas práticas da política suja não mudam. Basta parar e ler com atenção o material de alguns candidatos para perceber. E hoje, com o advento das redes sociais, encontrar pai brigando pela paternidade do filho bonito é cada vez mais comum.

Um exemplo disso está focado em um segmento de trabalhadores que nasceu com o “filho bonito” que chamou a atenção do deputado Fábio Felix (Psol) nestas eleições: os pilotos sobre duas rodas  também chamados de motoboys, que ganham o pão levando, na maioria dos casos, comida para os outros.

O distrital, que busca conquistar seu segundo mandato na Câmara Legislativa, decidiu, unilateral e aparentemente do nada, assumir a paternidade da categoria.

Não seria problema nenhum, claro. Não fosse um pequeno detalhe: o atual vice-governador, Paco Britto (Avante), que também está na disputa por uma cadeira na CLDF, já vem há algum tempo fazendo o papel de “pai” dos motoboys.

A maior demonstração de Paco nessa “paternidade” aconteceu no auge da pandemia. Desde que assumiu como vice no GDF, juntamente com o governador Ibaneis Rocha, ele já vinha lutando pela categoria publicamente. Motociclista recreativo, chegou a defender a criação de uma faixa exclusiva para motos – nos moldes da Faixa Azul, existente em São Paulo.

Depois, reconheceu publicamente que esses profissionais são os “heróis” da economia, quando bares, restaurantes e comércio em geral estavam fechados e o cidadão aderiu ao serviço delivery. Além disso, promoveu dezenas de encontros com os motoboys para distribuir máscaras e álcool em gel, com o discurso de que eles “estavam nas ruas enquanto todos estavam em casa” e precisavam “se cuidar”.

O distrital Fábio Felix – que provavelmente estava em casa e não acompanhou o trabalho de Paco neste tempo – agora, porém, tenta se apossar da ideia da Faixa Azul, reivindicando o direito à paternidade da ideia e, consequentemente, o de “pai dos motoboys”.

No melhor estilo da “velha política”, o psolista correu este ano. Também, pudera… Ano eleitoral. Como construiria o discurso sem mostrar que fez algo? Protocolou um Projeto de Lei (PL) na Câmara e agora “arrota” aos quatro cantos onde encontra um motofretista que “vai criar a Faixa Azul no DF”.

De outro lado… No material de campanha de Paco Britto, uma das promessas – aliás, compromissos, como ele faz questão de frisar – é a criação da Faixa Azul na capital.

E aí? Quem é o pai da criança? Desta vez, nada de teste de DNA no programa do Ratinho. A resposta está com o próprio segmento: os motoboys.

Conforme apuramos, Felix protocolou o PL em abril deste ano, ou seja, há apenas quatro meses antes da eleição. Teve que correr, senão iria jogar por terra seu discurso de “amigo dos motofretistas”, já que Paco vem com a categoria na rua, entre conversas e reuniões, há muito mais tempo.

O Projeto de Lei encontra-se parado. E, ainda conforme fonte que circula livremente por gabinetes dos distritais, “dorme em berço esplêndido” – expressão usada no meio dos bastidores políticos para designar algo que não vai andar, não vai sair do lugar.

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