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Assassinato na 415 (*V)

Motorista de Uber dá pistas sobre morte de Susana

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução

Depois de um expediente exaustivo, Gustavo fez uma breve pesquisa sobre o tal Gol. O veículo estava em nome de Maria de Fátima Silva dos Santos, uma mulher de 64 anos. Ele entrou em contato com ela, que se comprometeu a ir até a delegacia no dia seguinte às 14 h.

Pontualmente, lá estava aquela senhora diante do balcão da delegacia. Ela disse que o policial Gustavo a estava aguardando. Em menos de dois minutos, ela era levada até a sala de Gustavo e Pedro, que já a aguardavam.

O interrogatório não durou muito, pois os policiais logo perceberam que Maria de Fátima não era a proprietária do veículo há quase um ano. Ela o havia vendido para um rapaz chamado João Carlos de Almeida Júnior, que, por acaso, morava ali perto da delegacia.

Gustavo e Pedro, depois de agradecer e dispensar a mulher, se dirigiram até a residência de João Carlos. Por sorte, conseguiram interceptá-lo quando ele estava entrando no Gol. O homem tomou um susto, pois imaginou ser um assalto, mas essa primeira impressão foi substituída por outra, a desconfiança.

– O que vocês querem comigo?

– Pode ficar tranquilo, João Carlos. Só queremos conversar um pouco sobre uma corrida que você fez, disse Pedro.

– Que corrida?

– Vamos até a delegacia, que explicaremos tudo, Pedro concluiu.

Já na delegacia, os policiais explicaram para João Carlos, vulgo JC, sobre as investigações. O motorista, a princípio, disse não se lembrar dessa corrida, mesmo depois de Pedro lhe mostrar fotografias de Marcelo e Susana. No entanto, o corpo de JC começou a ficar nquieto, seu rosto virava de um lado para outro, como se algo o estivesse incomodando.

Gustavo e Pedro se entreolharam e, naquele exato momento, perceberam que o motorista sabia de algo. Os dois, apesar de serem canas tarimbados, não gostavam de utilizar a velha tática do policial bom e do policial mal.
Preferiram, naquele caso, fazer uso de outra forma de psicologia.

– JC, já sabemos de quase tudo. Só precisamos juntar uma pecinha ou outra pra solucionar o caso. Se você quiser colaborar, ótimo. Mas se você se recusar, a coisa pode se voltar ainda mais contra você, disse Gustavo.

– Não tenho nada a ver com isso.

– Nós sabemos disso, JC. Mas só você pode nos contar o que aconteceu, Pedro instigou.

– Quer um copo d'água?, perguntou Gustavo.

O motorista fez que sim com a cabeça, enquanto o policial saiu da sala e, logo depois, voltou com um copo e uma garrafa de água. JC, depois de umas boas goladas, respirou fundo e desembuchou tudo o que sabia. Ele havia pego Marcelo e Susana na casa do condomínio Mansões Entre Lagos. Estava a caminho da quadra 415 Norte, quando, já no Lago Norte, teve o veículo parado por dois veículos, supostamente da polícia, pois ambos usavam luzes e sirenes.  Depois de parar, seis homens retiraram o casal do banco de trás. Marcelo estava desacordado, mas Susana tentou resistir, mas foi contida pelos homens. Eles foram colocados cada um em um dos veículos, que depois arrancaram.

JC disse que ainda ficou no local, já que suas pernas tremiam mais que vara verde. Depois foi direto para casa, pois ficou muito assustado para continuar trabalhando. Na verdade, disse ele, não trabalhou por quase uma semana após o ocorrido.

– Quais veículos? Conseguiu anotar as placas?

– Sei que um era uma Hilux preta. O outro era um Golf prata. A placa não lembro, mas sei que a da Hilux começava com JLX ou JIX.

– E os rostos? Você consegue se lembrar dos rostos?

– Não. Tudo foi muito rápido. Mas um deles era bem alto, talvez 1,90 m ou até mais. Era desses caras bombadões, tipo de academia.

– Como era o rosto dele?

– Acho que meio comprido. Ah, ele era ruivo!

– Ruivo?

– Sim! O cabelo bem vermelho!

Por mais perguntas que os policiais fizessem, as respostas continuavam as mesmas. Várias fotografias foram mostradas para JC, que não reconheceu ninguém. Diante dessa mesmice, Pedro e Gustavo concordaram em liberar o motorista de Uber. Seja como for, eles, agora, estavam certos de que Marcelo havia sido vítima de um plano para incriminá-lo. Mas por quem? Marcelo teria inimigos?

*Amanhã, o capítulo VI

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