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Ponto cego

Motoristas mesquinhos são a causa da perda de tantas vidas

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Autor/Imagem:
Tania Miranda - Foto Francisco Filipino

Se você é habilitada para dirigir, sabe que sua visão dentro do veículo que está conduzindo não é total. Há pontos em que, por mais que seja necessário, sua visão não é completa. Se for à noite então, essa visibilidade fica ainda mais reduzida. Isso significa que, se você está em trânsito, além da atenção extra que deve dispensar para não se envolver em acidentes, precisa contar também com a colaboração dos outros motoristas que dividem a pista contigo. Se te veem fazendo uma manobra, seja entrando em um novo acesso, ou qualquer coisa do tipo, o ideal é reduzirem a velocidade e te permitirem acessar a pista em questão. Mas, geralmente, não é isso o que ocorre…

Na maioria das vezes, quando um motorista vê alguém tentando acessar uma nova pista, ao invés de facilitar a manobra para o colega, sua reação é de acelerar, impedir que a manobra se complete. E é então que os acidentes acontecem. Um segundo que a pessoa perca reduzindo a velocidade não será o fim do mundo para esta e evitará acidentes desnecessários. Mas o egoísmo fala mais alto, e ao invés de facilitar o caminho da outra pessoa, tenta ao máximo dificultá-la, seguindo a velha desculpa de que “eu estou certa, fulano está errado”… em um acidente automobilístico não há certo ou errado… há vítimas…

Já percebeu que essa forma de agir das pessoas se aplica quase que em todos os planos da vida? Dificilmente as pessoas tentam facilitar as ações de outrem, como se ao colocarem obstáculos nas realizações de seus semelhantes, isso lhes trouxesse algo transcendental… seria como se alcançassem o Nirvana… e tudo o que conseguem com esse comportamento egoísta é causar danos para a outra e, não raro, para si mesma…

Quando você impede que alguém consiga alcançar seu intento, não é apenas aquela pessoa que está sendo prejudicada. Mesmo que você não perceba, os mesmos ferimentos inflingidos em seu… oponente, digamos assim… também te afetarão. Pode até não ser fisicamente, mas por um bom tempo a sua ação te assombrará, pois você foi responsável por algo que poderia ter sido evitado, se tivesse agido com bom senso…

Infelizmente não usamos nossa inteligência emocional da melhor maneira… somos tão acostumadas a “levar vantagem em tudo”, como já dizia um velho comercial de cigarros, que a empatia, um sentimento tão importante em nossa vida, acaba dormente, só lembrada quando somos nós as prejudicadas e alguém deixou de nos ajudar…

Mesmo quando estamos sorridentes, conversando com alguém sobre algo de interesse mútuo, em nosso íntimo procuramos vislumbrar como poderíamos agir para ter algum ganho com tal ação que desejamos desencadear. E muitas vezes não permitimos à outra pessoa o acesso a tal caminho antes de nós, mesmo que não consigamos vantagem alguma com isso…

Sim, esse é um defeito moral que deve ser trabalhado. Mas é mais fácil falar do que fazer. Tudo porque são tantas variantes, com tantos caminhos à nossa frente, que não é tão simples tomarmos a atitude correta. Mesmo que, da boca para fora, clamemos ao mundo nossa visão moralizadora. Infelizmente, o velho chavão “faça o que digo, não faça o que faço”, ainda está em vigor…

Estamos avançando em nosso caminho moral. Graças a Deus. Conseguimos, mesmo a passos curtos, tomar as decisões corretas em alguns momentos. Mas infelizmente ainda está longe do ideal. Porque, como o motorista que se esquece que há pontos cegos no veículo que conduz, nós também acabamos por não dar atenção aos pontos cegos da vida… e terminamos por colidir contra o Muro da Verdade e da Retidão… e acabamos por, pelo menos por algum tempo, apagar a Luz que pode nos conduzir sem perigo pelos Caminhos da Vida…

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