Caminhos da vida
Mudar dói, mas deixar como está, também é dolorido
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Pouco mais de três anos atrás, troquei de emprego e mudei de cidade. Mudar dói, mas não mudar dói também.
A dor da mudança é afiada, repentina. A gente sabe que precisa sair de onde está, mesmo sem ter certeza de onde vai chegar. É o medo do novo, o frio na barriga, a sensação de estar pulando sem saber se o paraquedas vai abrir. Dói abandonar um emprego, uma rotina. Dói crescer, desapegar, se reinventar. Teve dias em que eu quase voltei atrás. Quase.
Mas a dor de não mudar… essa é mais silenciosa, sorrateira. Ela vai se acomodando, se disfarça de conforto. E, quando a gente percebe, está vivendo pela metade, suspirando demais, sonhando de menos. É a dor de abrir os olhos todo dia e pensar “é isso?”, de se acostumar com o que não faz bem, só porque é familiar. É uma dor que não grita, mas corrói.
Eu já fiquei em lugares que não me cabiam mais, só por medo da ausência, da solidão, do recomeço. Achei que era mais fácil suportar a tristeza conhecida do que encarar a incerteza. Mas a verdade é que a vida pede movimento. E, se a gente não se mexe, ela empurra.
Hoje eu entendo que escolher mudar é escolher sofrer um pouco agora pra não sofrer muito depois. É tomar a frente da própria história. Nem sempre sei o que estou fazendo, às vezes, me sinto completamente perdida. Mas, mesmo assim, prefiro essa dor. Porque ela me move. Ela me transforma.
Mudar dói, sim. Mas não mudar é como morrer aos poucos. E eu escolhi viver.