Setembro amarelo
Muita gente sai de cena por total falta de esperança
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Nove em cada dez crises emocionais poderiam ser amenizadas se aprendêssemos a reconhecer tanto os sinais sutis do sofrimento alheio quanto os nossos próprios limites.
Viver não é igual para todos. Enquanto para alguns a rotina é conforto e sentido, para outros cada dia é uma batalha silenciosa. Quantas vezes você encontrou alguém que parecia completamente normal até que, de repente, aquela pessoa simplesmente desapareceu do radar? Setembro Amarelo nos convida a uma reflexão urgente: às vezes, o que parece desistência é na verdade um pedido mudo de socorro de alguém que já não sabe até onde suas forças podem ir.
Ao longo dos dias, semanas e meses, todos vivemos experiências que conseguimos lidar bem e outras que nos causam um desconforto que pode ser profundamente doloroso. Pesquisas mostram que pessoas em sofrimento profundo frequentemente apresentam mudanças sutis de comportamento muito antes de atingirem seu limite. São pequenos sussurros: aquele colega que gradualmente foi se isolando, o familiar que parou de fazer planos futuros, o amigo que cancela programas sem explicação.
A raiz desse processo está na desconexão entre a dor interna e a incapacidade de expressá-la. A pessoa que chega ao ápice do sofrimento não deseja desaparecer, deseja que a dor desapareça. É um cansaço existencial tão profundo que a mente começa a enxergar a “saída de cena” como única alternativa viável para aliviar a angústia que consome por dentro. Nesses momentos, a esperança não foi perdida, foi sequestrada pela dor não processada.
Nossos limites físicos, emocionais e psicológicos são únicos e pessoais. Infelizmente, não existem receitas prontas para estabelecê-los. Cada pessoa, com suas vivências e caminhos, vai descobrindo aos poucos o que lhe faz bem e o que não faz. A empatia genuína surge quando substituímos o julgamento pela curiosidade compassiva: em vez de questionar por que alguém está sempre cancelando, perguntar se algo está pesando demais. Oferecer presença sem exigir explicações. Validar emoções sem tentar consertar tudo.
Este Setembro Amarelo, convido você a praticar a escuta com olhos e coração. Observe os pequenos desaparecimentos à sua volta. Aquela pessoa que parou de reagir às mensagens, o colega que já não compartilha seu entusiasmo. Não espere por pedidos de ajuda explícitos – os mais profundos raramente vêm em palavras.
Se você está se perguntando “até quando vou aguentar?”, saiba que buscar apoio não é fraqueza – é a coragem de reconhecer que todos temos limites. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito 24 horas (188 ou www.cvv.org.br).
E se precisar de um espaço terapêutico para reconstruir sua esperança e reconhecer seus limites, busque ajuda profissional. Às vezes, tudo o que precisamos é ser ouvidos com respeito para reencontrar forças para seguir adiante.
Qual gesto de acolhimento você pode oferecer hoje a alguém ou a si mesmo?
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Marina Dutra – Terapeuta integrativa
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