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Assédio, não!

Mulheres não precisam de predadores a sua volta

Publicado

Autor/Imagem:
Silvia Malamud

Mulheres da atualidade, além de terem aprendido a vestir calças, jamais se esqueceram de quando ou de como usar saias ou vestidos decotados. Aprenderam a ser mães, donas de casa, esposas, amantes e, pasmem, executivas de sucesso. Têm, portanto, obrigação de conceberem e assumirem os espaços e as capacidades que conquistaram ao longo dos anos, fazendo valer as suas posições sem qualquer receio. Quanto mais cientes de si, em hipótese alguma, se submeterão a relacionamentos desqualificadores e abusivos.

Jamais, portanto, devem banalizar situações incômodas. Se esbarrarem em algo que cause o menor ruído emocional, alertando que o desrespeito está no ar, mesmo que velado, a ordem de comando é mudar de postura e de atitude frente ao que se vê, ouve ou percebe.

Alerta de perigo: nessas horas, se nada fizerem e ultrapassarem muito a própria linha vermelha, a percepção começará a ficar distorcida e, invariavelmente, correrão o risco de perder a noção concreta de que podem estar sendo vitimas de maus tratos. Esse fator é um dos palcos onde os maiores e piores abusos acontecem.

Todo tipo de violência em relação ao universo feminino, embora soe mal, causando repugnância para a grande maioria, é bastante insidioso e, por incrível que pareça, ainda hoje, muitas vezes nem é visto como uma realidade passível de ocorrer com determinada frequência.

Num mundo que tende ao politicamente correto, esse tipo de assédio corre o risco de ser banalizado. As mulheres precisam ficar em estado de alerta, observando os sinais, os detalhes e as entrelinhas que, muitas vezes, vem de modo grosseiro e escancarado, mas que outras tantas não são tão facilmente percebidas. Mesmo desejando serem vistas, reconhecidas e amadas, devem ficar atentas a qualquer tipo de abuso.

Ao perceberem um mínimo de conversa que soe com tom de desrespeito, devem imediatamente acionar o sinal vermelho, colocar limites sérios e, sob hipótese alguma, buscarem ser aceitas por esses tipos. Afinal, o que eles mais querem é a destruição do feminino, pela via da submissão massiva e da desqualificação de tudo o que se é e que foi construído. Nenhuma mulher precisa disso, nenhuma mulher merece ser desqualificada.

A dica, portanto, seria que jamais “tirassem o salto alto”, enquanto não se sentissem plenamente seguras, mesmo que seja para qualquer conversa informal.

Atente que, na maioria das vezes, o assédio ocorre nos bastidores, onde estão apenas os dois. Diante de qualquer tipo de desqualificação abusadora, a resposta deve ser por cima do salto alto, de modo distante, impessoal e cortante. Deve-se sair do local e se a pessoa insistir, grave, denuncie e busque testemunhas. E o principal, reconheça que você está acima de tudo isso.

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