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Presa em casa

Na pandemia, o que dizer do cômodo preferido?

Publicado

Autor/Imagem:
Anelisa Lopes

Passados mais de seis meses do início do isolamento social, parecem claras todas as mudanças necessárias pedidas pelo ambiente em que vivemos. Seja a simples troca de lâmpadas queimadas ou a reformulação total de um cômodo, olhamos para a nossa casa de uma forma diferente e, consequentemente, esse processo reflete sobre transformações em nós mesmos.

Meu quarto foi o último cômodo da casa a ser “decorado”. Cansaço, falta de criatividade e grana curta na época da reforma da casa acabaram deixando o espaço com uma tinta de cor gritante na parede e um acúmulo de móveis – todos de memória, diga-se de passagem – sem seguir um conceito estabelecido. Aqui cabe aquela velha expressão “casa de ferreiro, espeto de pau”. E assim tem permanecido por anos. A impressão que tenho hoje ao confrontá-lo é que ele foi esquecido nos últimos tempos: primeiro os espaços sociais, depois o dos filhos, reparos na estrutura da casa… Sempre havia um item em primeiro lugar.

Diante de alguns cursos de autoconhecimento feitos durante a pandemia e muitas reflexões com o espelho, cheguei à conclusão de que ele refletia exatamente o que se passava na minha vida: “não tenho tempo de enfrentar”, “assim está bom”, “vai dar muito trabalho e tenho outras prioridades para gastar”…

E quanto tempo passei no quarto durante esses meses tentando entender o que estava faltando até perceber que era o que estava em dívida na minha rotina: senso de prioridade e planejamento. Sim, pois não é preciso uma grande revolução para mudar meu cômodo preferido: apenas eleger o que é importante permanecer, deixar para trás o que não tem mais relação com os meus dias atuais e cuidar todos os dias para deixar o quarto alegre: flores, enxoval, tirar os itens quebrados ou sem funcionamento. E, assim, criar um elo comigo mesma.

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