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Placa sem multas

Nantes veste a camisa do MDB para abraçar legado de Temer

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Autor/Imagem:
Marta Nobre

Na época em que crepitava morro acima o fogo do escândalo de Watergate, em que o jornal Washington Post conduziu a campanha para encurralar o patético presidente dos Estados Unidos, uma pilhéria se espalhou como água morro abaixo: “Você compraria um carro usado de Richard Nixon?”. Ninguém, em sã consciência, correria esse risco, nem que fosse um velho Ford-bigode de cinema mudo.

Os tempos são outros. O cenário é o Brasil. A vida é real, com a sucessão presidencial escancarada nas ruas, movida a idolatria ou satanização de Lula. Na linha do horizonte dessa mal iniciada campanha, discute-se a busca daquele que ainda não tem nome, nem rosto, nem feição, para ser o presidente dos sonhos de uma nação desavinda.

Bom analista dessas pesquisas, um intuitivo filho de pantaneiro de Mato Grosso do Sul que hoje palmilha as estradas do Centro-Oeste (dirigindo seu próprio carro, diga-se) por conta de sua atual missão federal como superintendente da Sudeco, mexendo com seus botões, perguntou-se: “Por que não eu?”.

Antônio Carlos Nantes de Oliveira, nascido em Campo Grande, beirando os 7O anos, advogado, economista, escritor e político que foi deputado federal por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já filiado ao PT (do qual foi fundador e depois afastou-se, diz ele, ‘pelos descaminhos da legenda’), e mais tarde filiado ao MDB, expôs sua pretensão nas redes sociais.

Tomou um susto (melhor tomar um susto que uma sova, considerou Nantes mais uma vez com seus botões). Uma massa de amigos, desconhecidos, lunáticos e sonhadores das redes o incentivou. Muitos também expressaram espanto, e muitas foram as frases torpes.

Traduzindo: dos que o apoiaram, fizeram com palavras entusiasmadas. Todos comprariam um carro usado do Nantes.

Nos próximos dias, o superintendente da Sudeco cumprirá as exigências formais para oferecer seu nome à convenção nacional do MDB. Entendeu-se com o senador Romero Jucá, presidente da legenda, que o incentivou: “Vá em frete”. Vai voltar, assim, para um partido que viu nascer, o histórico MDB de Ulysses Guimarães.

Na Câmara dos Deputados, onde esteve por dois mandatos, ocupou a presidência da Comissão de Economia, Indústria e Comércio, em 1977. Com o fim do bipartidarismo deixou o MDB e foi um dos fundadores do PT. Em 1982 candidatou-se ao governo do Mato Grosso do Sul. Em fevereiro de 1983, aos 35 anos, desligou-se do PT e afastou-se da política partidária.

Em 1984, por concurso de provas e títulos, foi aprovado para o cargo de Consultor Legislativo do Senado Federal, onde ocupou a Diretoria Administrativa e, interinamente, a Diretoria Geral. Em 1992, licenciado do Senado Federal, foi nomeado pelo presidente Itamar Franco, primeiro, para a Secretaria de Articulação com Estados e Municípios, no Ministério da Integração Regional, e, depois, para a Secretaria Executiva da Secretaria de Administração Federal. De volta ao Senado, aí permaneceu até a aposentadoria em 2008.

A passagem de Antônio Carlos Nantes de Oliveira pela Sudeco tem sido um estágio probatório para subir mais um degrau e ocupar um cargo maior. A decisão de concorrer à Presidência da República está tomada. Vestindo a camisa do MDB, ele garante que, com pulso firme, abraçará o legado de Michel Temer. Ao eleitor, ele oferece o carro usado está aí para quem quiser comprar. A placa é Nantes 2018. Sem multas.

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