Crianças são crianças
Não importa a espécie, elas sempre se entendem
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Aquelas duas meninas com cara de buldogue se divertiam demais com a irmã caçula, que ainda não completara dois anos. Era nítido, para os que olhavam aquele trio, que a felicidade havia encontrado uma confortável poltrona e, sem qualquer cerimônia, se instalado ali. E haja fôlego para tantas brincadeiras.
Era um corre-corre para todos os lados, como se o mundo lhes pertencesse. E quem ousaria discordar? Capaz de ficar com cara de tacho, diante de tamanha alegria das espoletinhas.
Os pais, sentados em um banco de cimento, observavam aquela algazarra sem hora para acabar. Os dois se entreolhavam e sorriam, admirados que estavam com tanta energia.
— Como pode?
— Olha! Olha!
— Gente, o que é isso?
— Que espoletas!
— Não param nunca.
— Nunca.
— E como gritam!
Gritavam em linguagens distintas, mas que se encontram nas trilhas das brincadeiras sem fim. Afinal, crianças se entendem, não importa a espécie. São crianças, e é o que são.
……………
Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’
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