E foram felizes para sempre
NEM SEMPRE BRILHA O SOL…
Publicado
em
“…e foram felizes para sempre!” É assim que terminam os contos de fadas, onde, depois de atravessarem mil percalços, o casal protagonista da história consegue finalmente ficar junto e seguir como uma única alma em dois corpos. Sim, é utopia. Pois por mais que se deseje, não há como duas pessoas comungarem o mesmo pensamento… por mais que o desejem, são duas almas que pensam e agem de forma diferente…
Sem dúvida alguma, se a vida seguisse assim, seria o Paraíso na Terra. Afinal, não haveria discórdia… pois os dois pensariam da mesma maneira. Mas por mais que a gente queira estar na mesma sintonia de nosso par, tal não é possível. Pois nossa visão do mundo é diferente. O que um vê não é, de forma alguma, o mesmo que o outro…
E porque isso acontece? Bem, são múltiplas as razões. Mas podemos começar pela mais simples… cada um está vivendo uma realidade à parte, que coincide apenas nos momentos em que os dois compartilham o mesmo espaço. Quando, por algum motivo, os dois se afastam, a magia é quebrada e cada um passa a vivenciar sua própria realidade…
Podemos dizer que quando as divergências aparecem apenas quando os dois não estão próximos, estão em boa situação. O problema começa quando estas discrepâncias aparecem quando um está ao lado do outro. E o pior… na vida, é essa a situação mais comum…
Entre as várias causas de uma possível discórdia está, sem dúvida, a formação primeva de cada elemento. Por mais que desejemos falar que a infância primeira não refletirá nas ações do futuro, visto que normalmente essa é uma região nebulosa em nossa mente, as informações recebidas nesta fase interferem, e muito, em nossa forma futura de agir…
Tudo bem, há várias influências que recebemos durante nossa caminhada rumo à vida adulta. E muitas, na maioria das vezes, conflitantes. Mas enquanto amadurecemos vamos fazendo uma seleção do que é ou não viável para nossa caminhada. Mas essa seleção é feita de uma forma subconsciente e não temos, a principio, noção do que aceitamos como “certo” ou “errado”. Apenas quando a situação se apresentar e tivermos que decidir o que fazer é que teremos acesso a essas informações…
Você, com certeza, já se pegou após ter decidido determinada ação e, algum tempo depois ficar apalermada por ter tomado tal atitude. Ou seja, até para você aquela reação em especial foi algo inesperado. Em determinadas situações a sensação é de conforto, de sensação de dever cumprido. Em outras, se você pudesse cavar um poço bem fundo e se esconder ali, é o que certamente faria. Exagero? Pode ser. Mas quantas vezes já não passamos por situações desse tipo? E, com certeza, até o final de nossa caminhada, ainda enfrentaremos muitos terrenos pantanosos…
E é justamente nesse terreno de areia movediça que o casal costuma caminhar… todo cuidado tomado às vezes é pouco, visto que, sem mais nem menos, a explosão pode ocorrer. Porque, por algum motivo, as ideias não batem e a visão de cada um está, naquele momento, totalmente divergente…
Quando há uma divergência de opiniões… e o casal chega às vias de fato… uma situação que é mais comum do que se poderia desejar, a primeira coisa que os dois procuram é o culpado pela situação. Afinal, a atitude de um dos dois está errada, e essa é a causa da discórdia…
Infelizmente não é assim que a banda toca… em realidade os dois estão certos, cada um de acordo com sua visão. O que ocorreu é que ambos estavam fora de sintonia e por esse motivo acabaram por se estranhar. Sei que, a princípio, essa é uma visão difícil de aceitar. Mas devemos ter sempre em mente que cada pessoa está inserida em um Universo à parte de seus semelhantes. E nem sempre estão agindo na mesma frequência. E, se não tentarem encontrar um lugar comum aos dois, essa falha de comunicação tende a se tornar cada vez mais grave, até que a ruptura na relação será o único caminho viável aos dois…
De certa forma, o “certo” e o “errado” não existem. São conceitos abstratos que acabamos por assimilar para tornar a vida em sociedade mais fácil. É por esse motivo que acabamos criando regras, leis, que de certa forma, servem para nos controlar. Mesmo as Leis e Regras não escritas. Aliás, essas são as leis que mais valor possuem. Pois estão de tal forma arraigadas na mente das pessoas, que estas as seguem sem questionar…
Então quando, por algum motivo, você se estranhar com seu par, lembre-se…a sua verdade não é, necessariamente, a verdade dele ou dela… e por essa razão, não importa o que ela diga, estará sempre dizendo a verdade para você. Assim como você estará dizendo a sua verdade para ela. Mesmo que não faça sentido para nenhum dos dois… mas essa será a comunhão de sua união…
Viver a dois não é fácil, nunca foi. Sempre haverá arestas a aparar. Sempre haverá divergências a ser superadas. Mas se conseguirem vencer suas diferenças, o casal com certeza seguirá rumo ao futuro de mãos dadas. Haverá altos e baixos? Com certeza. Afinal, como já dizia o poeta… “a vida não é um mar de rosas, e o sol não brilha todos os dias. Afinal, também há dias em que a chuva cai”…