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Caso Epstein

Ninguém deveria estar acima da lei

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@donairene13 - Foto da Internet

Só se fala nesse assunto e, sinceramente, eu sinto que também não posso fugir dele. Os arquivos de Epstein caíram como uma bomba e, de repente, todo mundo parece estar comentando os mesmos nomes, as mesmas trocas de e-mails, as mesmas histórias sórdidas envolvendo um bilionário que fez fortuna e influência às custas da vulnerabilidade de meninas. Epstein, preso por abuso sexual de menores, não era apenas um criminoso comum: era íntimo de figuras poderosas, entre elas o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Não vou entrar aqui na onda dos memes sobre quem fez o quê, quem aparece onde, ou se Trump supostamente praticou felação em Bill Clinton, como alguns dos e-mails sugerem. Isso a internet já está fazendo com um entusiasmo quase patológico. O que me interessa é outra coisa: a assimetria brutal na forma como o mundo trata esses homens poderosos, dependendo de quem são, de onde vêm e de quais alianças políticas mantêm.

Porque vejamos: o ex-príncipe Andrew, irmão do rei Charles, foi investigado, exposto e, mesmo dentro de uma monarquia que raramente admite falhas, foi punido. Perdeu títulos reais, perdeu patentes militares, perdeu o prestígio que o protegia. Pode-se discutir se foi suficiente ou não, mas houve um reconhecimento institucional de que algo gravíssimo aconteceu.

E Trump? Onde está a consequência proporcional ao tamanho das acusações que o cercam? Numa democracia que se diz tão comprometida com o Estado de Direito, não dá pra aceitar que um ex-presidente, ou qualquer homem, famoso ou não, fique acima da lei quando o assunto é violência sexual contra meninas.

Eu olho para tudo isso com um incômodo profundo. Porque impunidade não é uma abstração: ela alimenta ciclos de violência, normaliza abusos, ensina que poder move fronteiras morais. E eu não consigo aceitar que meninas continuem pagando o preço pelo silêncio e conveniência de homens que deveriam responder judicialmente por seus atos.

Se Andrew foi responsabilizado, Trump também deveria ser, se as investigações comprovarem sua participação. A lei do seu país precisa valer para todos, inclusive para quem ocupou o cargo mais poderoso do mundo. Porque, no fim das contas, justiça só tem sentido quando não escolhe lado, quando não protege privilégios, quando olha para a vítima antes de olhar para o sobrenome do agressor.

E com Epstein, Trump, Andrew ou qualquer outro nome: não dá mais para aceitar impunidade. Nunca deu. Mas agora, exposto em detalhes tão cruéis, fica ainda mais evidente que o mínimo que a sociedade deve às meninas que foram abusadas é punição para quem as feriu.

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