Docinho de coco
No circo da política, apenas um ator já tem vaga garantida para 2026
Publicado
em
Apesar de claudicar interna e externamente, o síndico do condomínio chamado Brasil está mais vivo do que nunca. Estamos há um ano e meio de uma nova versão da disputa presidencial, hoje verdadeiramente o maior espetáculo circense do país. Restam aos partidos a escolha formal de seus atores principais. A informal, no entanto, já está na boca do povo, também conhecido no período eleitoral por plateia a ser cooptada.
Desde a posse do atual presidente, astros oficiais e oficiosos começaram a definir seus scripts de campanha. Alguns mais afoitos estão com os enredos quase prontos. Até o momento, os artistas do circo político são os mesmos. É o malabarista que vive janjando por aí, o ilusionista e mímico que coisou no prato que comeu e os quatro trapezistas desgovernados que só andam à direita no globo da morte.
De fato, temos dois candidatos ao papel principal, um inelegível, mas que não se imagina fora da urna eletrônica, e um outro que não sai da coxia. Fora o que tem presença garantida no elenco, os demais começam a sair às ruas prometendo o que sabem que não irão cumprir? As paredes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da antiga Casa da Dinda estão cansadas de saber que Luiz Inácio será candidato ao quarto mandato em 2026.
Depois de três ou seis manifestações inócuas e insignificantes, a Avenida Paulista, a orla de Copacabana e a Esplanada dos Ministérios também já foram informadas que o ex-presidente Jair Bolsonaro não conseguirá reverter a inelegibilidade na Justiça Eleitoral e que, portanto, não terá seu nome incluído nas invioláveis nas urnas. Ainda persistem no Brasil e no mundo dois questionamentos nem tão irrelevantes, mas extremamente preocupantes para a direita menos conservadora.
O primeiro é a data em que, finalmente, Bolsonaro abandonará o ringue inventado pela apodrecida mente de seus aliados. Mais urgente é saber quem será o “indicado” pelo moço que um dia teve poder para tentar manter o bolsonarismo sustentável. Enquanto os bolsonaristas malham em ferro frio, o esperto pipoqueiro do circo decide tentar uma vaguinha como enxugador de gelo do vendedor de refrigerantes. Craque em factóides, o trapezista Ronaldo Caiado é pré-candidato à Presidência da República. É um direito dele e de qualquer brasileiro.
Como morador de Brasília há quatro décadas, me acho no direito de informar aos eleitores que ainda se imaginam sérios que o cidadão, atual governador do vizinho Estado de Goiás, não é o docinho de coco que diz ser. Sem exceção, as 20 cidades goianas que compõem a microrregião do chamado Entorno do DF estão entregues à própria sorte. Se o projeto para o Brasil de 560 municípios for semelhante, estamos lascados.
……………………
Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978