Lume que serpenteia
No fulgor do teu olhar
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Desperta o ímpeto sereno,
Como aurora que se insinua
Na penumbra do meu tempo.
És o lume que serpenteia
Entre véus de silêncio,
O afago que não se diz,
Mas que a alma reconhece.
Em noites de prata velada,
Teu gesto em minha memória
Ecoa como harpa antiga
Que pulsa sob a pele.
Teu aroma de alvorada
Desfaz minha ausência,
E em cada acorde teu,
Reescrevo meu universo.
Tu és o sopro sutil
Que acorda o dia em festa,
O murmúrio doce
Que o horizonte confidencia.
És a cadência preservada
No relicário do instante,
A voz que embala
Sem jamais se perder.
Tua presença me guia
Como constelação secreta,
Lanterna de cristal
Na travessia do escuro.
Tu és o compasso íntimo
Que o peito decifra,
A partitura invisível
Que a alma canta em segredo.
Em cada gesto teu,
Em cada pulsar do tempo,
És o verso contínuo
Que o destino escreve.
A centelha que arde
No abrigo do meu ser,
A estrofe que ilumina
Mesmo em silêncio profundo.
E se um dia
A sombra nos envolver,
Serás meu astro oculto,
Meu norte, minha essência.
Pois em teus olhos
O mistério se revela,
Como sinfonia eterna
Que embala a própria vida.