No jogo da verdade, rei em sonho não dá leão

O Brasil resistiu, o povo sobreviveu, o Supremo Tribunal Federal cresceu, Xandão venceu e, por enquanto, só Jair Bolsonaro perdeu. Logo ele que, amarrado a um emaranhado de patifarias políticas, fez de tudo para se manter no poder. Se desfez de 01, abandonou 02, alugou 03 para Donald Trump, empurrou 04 para os confins de Camboriú e colou no que há de pior no espectro político e religioso da atualidade. O resultado não poderia ser outro. Com Malafaia e Seus Miquinhos Amestrados, ele si lascou.

Portanto, a menos que o Lago Paranoá se abra como Mar Vermelho para a passagem do mito de massa de pastel, nessa festa de real valor que o STF abrirá amanhã (02) o palpite certo é xilindró. E tudo pode se acabar na quarta-feira, também conhecida por depois de amanhã. Será? Faz tempo que o povo começou a imaginar esse dia. Tanto que, sonhando com anjos e borboletas, a maioria da sociedade viu ressurgir um sertanejo que, se lhe derem mais tempo, certamente vai buscar inspiração para um dia acertar.

Não que ele só tenha errado, mas como nossa gente teimosa insiste em xingá-lo de ladrão, parece ter chegado a hora de o moço, como nos tempos de criança, revidar respondendo: Ladrão é quem me chama. E é verdade verdadeira. Não fosse, o sonho sonhado diariamente pelos extremistas rabudos teria como desfecho eterno o leão de quepe, coturno e fuzil. Traduzindo, no jogão da verdade nem sempre sonhar com rei dá leão. Concluído o julgamento, o que sobrará para o povo teimoso? O burrinho na cabeça e as visitas semanais ao pavão enfeitado do Cerrado.

Mais de dois anos após o apito inicial, o jogo envolvendo a turma do abafa sem cobertor começa a terminar nesta terça-feira. Recapitulando, o tiro para largada foi dado quando, apesar da barbárie verde e amarela na Praça dos Três Poderes, da garrucha golpista dos fariseus só saiu fubá, leite condensado e Viagra. Ali começou a derrocada dos rapazes enfeitados de patriotas de araque, de falsos profetas e de majestades do tipo gênios engarrafados.

Desde aquela data, Deus decidiu intervir, abandonar os falseanos da Pátria, Família e Liberdade e, após um rápido sussurro, chamou Xandão e disse: Vá em frente, cumpra seu papel, honre o Meu nome e não deixe pedra sobre pedra. Suas lágrimas serão a alegria desse povo sofredor que, agora, tem no seu pé um diabo albino do rabo loiro e um auxiliar que perdeu o posto de fritador de hambúrguer, mas permanece se achando o dono do inferno. E o que posso lhes dizer, meus queridos intolerantes, fanáticos e possuídos?

O inferno é aqui! Perderam, manés! Perdão pela rima, mas e agora, Josés? Vá, Xandão! Você é o cara! Quanto aos outros, não chorem por Mim, bolsominions! Falei, falei e vocês não Me ouviram. Si lascaram Malafaia adentro. Soube pelos anjinhos barrocos da Catedral Metropolitana que, caso os ministros do STF fixem aquele novo lar em Brasília, as visitas são sempre às quartas-feiras e domingos. Celular no interior do recinto em questão é terminantemente proibido. Merenda, nem pensar. Resumindo, se tá ruim para vocês, imaginem para ele.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras