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Nordeste avança nas exportações, mas enfrenta desafios de diversificação
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O Nordeste brasileiro consolida cada vez mais sua posição no cenário exportador do país, especialmente com produtos agrícolas como soja e frutas tropicais. Em 2023, a região exportou cerca de US$ 25 bilhões, um crescimento expressivo em relação a uma década atrás. Apesar dos avanços, especialistas apontam que ainda há uma forte concentração em commodities e que falta maior valor agregado à pauta exportadora.
O grande destaque é a soja, responsável por quase um quarto de tudo que o Nordeste exporta. O grão é cultivado principalmente nos estados que compõem a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), área que vem ganhando força no agronegócio nacional.
Outro segmento em franca ascensão é o das frutas tropicais, em especial a manga, que em 2023 alcançou receita recorde de US$ 315 milhões e volume superior a 260 mil toneladas. A maior parte dessa produção sai do Vale do São Francisco, região que abrange cidades da Bahia e de Pernambuco, e que hoje responde por mais de 90% das exportações brasileiras dessa fruta. O clima semiárido, aliado ao sistema de irrigação, permite colheitas em diferentes épocas do ano, garantindo fornecimento contínuo ao mercado internacional.
Além da manga, outras frutas como uva, limão e melão também registraram crescimento nas vendas externas, consolidando o Nordeste como um dos principais fornecedores de frutas frescas para a Europa e os Estados Unidos.
A Bahia lidera as exportações nordestinas, sendo responsável por volumes expressivos de soja e também pela crescente participação no setor de frutas. No primeiro trimestre de 2025, o estado exportou cerca de US$ 1,5 bilhão apenas no agronegócio, superando o somatório dos demais estados da região nesse período.
O Maranhão também vem se destacando na produção e envio de grãos, enquanto Pernambuco se fortalece como polo exportador de frutas, especialmente no eixo Petrolina–Juazeiro, referência mundial em irrigação e produção no semiárido.
Entre os fatores que impulsionaram esse crescimento estão o mercado internacional favorável, a competitividade climática e os investimentos em logística e infraestrutura portuária. Além disso, quebras de safra em países concorrentes abriram espaço para os produtos nordestinos.
Por outro lado, a pauta exportadora ainda é altamente concentrada em commodities como soja e petróleo, o que deixa a economia vulnerável às oscilações de preços no mercado internacional. Outro obstáculo é a infraestrutura logística, já que muitos produtores enfrentam dificuldades com transporte e armazenagem. A variabilidade climática do semiárido também representa risco, exigindo investimentos constantes em tecnologia e manejo da água.
Especialistas defendem que o próximo passo para o Nordeste é agregar valor à sua produção, investindo em derivados da soja, sucos concentrados, frutas processadas e produtos com certificações internacionais, que conquistam nichos de mercado cada vez mais exigentes. A diversificação da pauta exportadora e a abertura para novos mercados também são vistas como caminhos fundamentais para consolidar a região no comércio global.
O avanço das exportações nordestinas mostra a força do agronegócio regional e o potencial do semiárido irrigado. Se por um lado a soja e a manga já projetam o Nordeste no mundo, por outro, ainda resta o desafio de ampliar a variedade de produtos e aumentar o valor agregado, garantindo mais empregos, renda e desenvolvimento para a população local.