Curta nossa página


Crise hídrica

Nordeste tem seca profunda e desigualdade, mas segue sempre em frente

Publicado

Autor/Imagem:
Acssa Maria - Texto e Foto

O chão racha, o sol castiga, e o vento sopra seco, como se quisesse levar embora até a esperança. No sertão nordestino, a seca não é apenas um fenômeno natural — é uma velha conhecida, uma visitante constante que chega sem pedir licença e demora a ir embora. Cada fissura na terra conta uma história de resistência, mas também de desigualdade.

Enquanto alguns esperam o caminhão-pipa que talvez chegue, outros assistem a piscinas sendo enchidas nas capitais próximas. A água, que deveria ser direito, torna-se privilégio. Nas cidades, o desperdício; no interior, o racionamento e o improviso. A crise hídrica não escolhe lugar, mas a desigualdade escolhe quem mais sofre.

Dona Zefinha, com o balde na cabeça e o olhar firme, segue caminhando léguas em busca de um fio d’água. O corpo cansado contrasta com a alma teimosa — porque desistir, por ali, nunca foi opção. O sertanejo aprendeu a fazer do pouco o bastante e a transformar a falta em força.

Mas até a força tem limite. As promessas políticas evaporam junto com o último açude, e o futuro parece árido como o chão queimada de sol. Ainda assim, entre o pó e o calor, brota uma fé silenciosa — a fé de quem acredita que um dia a chuva virá, e com ela, a justiça que o sertão tanto espera.

O Nordeste segue, resiliente, com o coração quente e o olhar no horizonte. Porque por aqui, até a seca ensina: ensina a resistir, a reinventar e a sonhar com um amanhã mais úmido — não apenas de água, mas de igualdade.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.