Meu amor, minha dor
Nordestino faz como canta Gil, e mantém seu andar com fé
Publicado
em
A região Nordeste é a terra de sol ardente, de mares que se estendem como promessas infinitas, de sertões que guardam em si a dureza da seca e a poesia da resistência.
É amor, porque pulsa nas festas populares, nos batuques do maracatu, no cheiro de café coado em casa de taipa, na voz que canta aboio ao longe, puxando o gado e a saudade. Amor que se traduz em cada abraço apertado, em cada prato de cuscuz fumegante que chega à mesa, em cada riso que brota mesmo na falta.
Mas também é dor. Dor do chão rachado pela seca, da partida forçada, das malas improvisadas carregando sonhos rumo ao Sul, dor das promessas que nunca chegam, das injustiças que se repetem como um fado antigo.
Ainda assim, esse amor-dor não se rompe. É laço ancestral, é raiz que insiste em brotar, mesmo quando o vento sopra contrário. O Nordeste é ferida aberta e cura ao mesmo tempo: é chaga que arde, mas também é canção que embala.
Nordeste, meu amor, minha dor — és resistência feita de poesia. És lágrima que molha a terra e esperança que floresce, porque teu povo aprendeu, há séculos, que a vida se faz na luta, no riso e na fé.